Saturday, January 28, 2006
  ... E AGORA OS FAVORITOS DESTE BLOG:
20. SIGUR RÓS "TAKK" : A provar que "()" foi um erro, "Takk" é a redenção e a prova de que há mais vida para além das pedras e do cenário gélido que caracteriza a ilha que viu nascer, não só Björk, mas também os membros dos Sigur Rós... A produção é complexa (consequentemente pouco amiga do formato limitado da pop-rock radiofónica), as vozes são etérias e angélicas e a composição é exuberante. A escuta é difícil ao ínicio, mas lentamente vai-se saboreando e quando damos por nós estamos apaixonados! A pop não está habituada a obras assim...

19. AUDION "SUCKFISH" : Este álbum não consegue ocultar o objectivo pelo qual veio ao mundo: fazer dançar e colocar simultaneamente a mente num transe onde o mundo é visto através de um caleidoscópio, como a própria capa faz questão de lembrar. O techno tanto é despido a um nível esquelético, como em boa parte das vezes é recheado por sub-baixos que entorpecem a mente, por sintetizadores que carregam o corpo de energia e êxtase, por ritmos sólidos e vigorosos, por melodias carregadas de acidez suficiente para dissolver qualquer ócio.

18. HANNE HUKKELBERG "LITTLE THINGS" : A forma mais simples de expressar pequenos sentimentos, pequenas situações da vida. Pequenas coisas que mexem com o ser e que por vezes acabam por superar coisas grandes... Uma música bucólica com voz doce que enobrece os sentimentos. Um reencontro com a inocência perdida... Da Noruega chega-nos um belíssimo mostruário electro-folk envolto num manto jazz. Um dos melhores discos da Leaf nos últimos tempos.

17. RÓISÍN MURPHY "RUBY BLUE" : Depois do trabalho em grupo (Moloko) e da descoberta de um novo tom em que a sua voz podia ser enquadrada, Róisin juntou-se a Matthew Herbert. Desta parceria nasceu "Ruby Blue". Um projecto em que ambos procuraram formas para se desfiarem um ao outro. Ela tem uma voz única e ele uma técnica muito própria de construção sonora. Do estímulo nascido do trabalho em equipa, nasceu uma música estimulante que dignifica a pop.

16. STEVE SPACEK "SPACE SHIFT" : A capacidade de Steve organizar o espaço e o tempo parecem manter-se. Nesta música o silêncio parece operar como qualquer outra nota, abrindo espaço para a voz, obrigando o tempo a maleabilizar-se em redor dos sons. Apesar da estrutura rítmica muito geométrica e do minimalismo melódico, por vezes formal, alma não lhe falta: a eloquência da voz de Steve -como a de Marvin Gaye ou Curtis Mayfield no passado- trás o calor, o charme e as supremas palpitações de vida...

15. SOFA SURFERS "SOFA SURFERS" : A música dos Sofa Surfers parece continuar a viver na terra de ninguém, onde colar rótulos torna-se uma tarefa ingrata e onde os senhores das nomenclaturas cometerão muitos erros... Por isso mesmo, esta música feita por estes senhores continuará sempre afastada de lugares comuns e continuará a ser única. Continuará também a ser ambígua, sem se saber se é música de sofá para dias de evidente sabatismo ou música capaz de invadir salas de espectáculo. Certo é que é envolvente e provavelmente terá espaço para qualquer sítio, apesar de estar num espaço que não é sítio nenhum...

14. FLOWRIDERS "STARCRAFT" : Uns ilustres desconhecidos entre nós, este colectivo holandês ganhou forma em palco. Mesmo antes de editarem este álbum de estreia, já tocavam ao vivo em clubes e festivais, tendo mesmo chegado a fazer as primeiras partes dos concertos de Lamb, Nills Petter Molver ou Bugge Wesseltoft.
Procurando uma mistura equilibrada entre a electrónica, a soul acústica e o Jazz, os Flowriders revelaram enfim todo os seu potencial enquanto compositores de um Nu-Jazz sério e muito competente.


13. COMMON "BE" : Depois dos delírios de "Electric Circus", Common decidiu procurar-se a si mesmo. Observando o mundo à sua volta, tentando compreende-lo, parece ter encontrado no seu íntimo uma força capaz de exprimir-se com eloquência sem nunca deixar de dizer o que lhe vai na alma. Com a ajuda de Kanye West, "Be" é um retrato da vida quotidiana, com tudo o que tem de bom e mau. Com tudo o que é humanamente possível expressar, rimar volta a ser arte!

12. JAMIE LIDELL "MULTIPLY" : Sempre visto como um radical na área das electrónicas mais extremistas, surpreendeu o mundo com a edição de um álbum sentidamente soul. Há uma alma para além do frio manipulador de máquinas por quem o tomavámos. Num instante ouvimos Sly & The Family Stone, noutro Stevie Wander, ainda Prince ou mesmo Marvin Gay. Assistimos à abertura de um baú de memórias que subitamente foi assimilado por um extraterrestre que, sem se atrapalhar, consegue dar sentido aos sentimentos humanos...

11. KANYE WEST "LATE REGISTRATION" : À semelhança de "Be" de Common, a música e a palavra voltam a rimar com arte. O carismático Kanye West demonstra uma vez mais aos seus congéneres que talento e personalidade são elementos essenciais para criar uma obra personalizada com qualidade suficiente fascinar tanto homem como mulher, branco ou negro independentemente da faixa etária. O Hip-Hop enquanto arte de expressão urbana, não é um veículo de enriquecimento de carteiras mas sim um veículo transportador de verdade interior capaz de iluminar mentes em busca de inspiração para a vida...

10. NINE HORSES "SNOW BORNE SORROW" : Quase uma reunião familiar. "Snow Borne Sorrow" junta o enigmático David Sylvian, o ex-Japan Steve Jansen e o alemão Burnt Friedman num projecto singular, onde o propósito é derrubar as fronteiras entre o normal e o estranho, onde a fusão de géneros torna-se obrigatória para a elaboração de uma pop só por si única (e bela), onde cada um dos autores procura afirmar uma identidade própria num mundo que observam com olhar crítico.

09. ISOLÉE "WE ARE MONSTER" : Um belo exemplo de um disco mutante e híbrido no século XXI; nunca chegamos a entender ao certo as fundações que ergueram este disco, reconhecemos esporadicamente as pulsações do techno de Detroit ou tiques do house de Chicago, mas a tónica dominante é experimentar até onde a imaginação permite. O som de Rajko Mueller torna-se abstracto sem nunca se perder em simulações electrónicas sem nexo, apesar de "We Are Monster" soar bem mais estranho que "Rest". Neste caso, as experiências correram bem. Pelo menos um mérito dado a um françês...

08. PLATINUM PIED PIPERS "TRIPLE P" : O duo constituído por Waajeed (um dos fundadores dos Village People) e Sadiqq, elaboraram para mim o disco hip-hop do ano, tanto pela conteúdo musical, onde os beats e a melodia afirmam-se pela força e criatividade, tanto pela qualidade da escrita, mas especialmente pela quantidade e qualidade dos colaboradores (SA-RA, Jay Dee, Tiombe Lockhart, Spacek, etc.) que, de forma talentosa, contribuíram para a expressividade de cada tema. 07.

LCD SOUNDSYSTEM "LCD SOUNDSYSTEM" : Tardou mas não desiludiu! Primeira edição do ano com conteúdo suficiente para despertar atenções.
Depois de várias e inesperadas surpresas ao longo dos últimos anos ("Losing My Edge", "Yeah"), eis o álbum debutante onde dissparam-se todas as dúvidas em relação à orientação e determinação do punk-funk-disco de James Murphy. Um claro manifesto de força inventiva que prova que ainda é possível ter esperança numa pop livre e expressiva.


06. FLANGER "SPIRITUALS" : Será possível recuar no tempo e recordar como soava a música antes dela ser encarada com a seriedade e hipocrisia dos nossos tempos? Será possivel descobrir porque gostavam as pessoas da intensidade da música? Porque era considerado um escape um som tocado com inspiração quase divina? Será a restauração da sensibilidade como diriam os autores de "Spirituals" ou será o início da procura de sentimentos expressos em notas? Ou a procura de uma luz interior que justifique o injustificável? Ou a exploração emocional de um jazz, que ainda não se intitulava jazz, mas que sentia todas as vibrações de uma comunidade oprimida pela escravidão? Espiritual? Algumas respostas encontram-se no mais recente álbum de originais dos Flanger.

05. SUFJAN STEVENS "COME ON FEEL THE ILLINOISE" : A premissa de Sufjan é simples: conhecer os estados norte americanos, assimilar os mais pequenos pormenores e converter toda a informação recolhida no terreno em palavras e música a condizer. Sufjan é um song writer caixeiro-viajante que assimila tudo o que vê e sente, seja cultura urbana -e todos os seus aspectos mais decadentes- como consegue vibrar com a mais parola simplicidade da vida no campo, ele ama, canta, chora, pensa, abstrai-se e sonha... é humano e não tem problema em enriquecer a sua música com a sua experiência de vida.

04. M.I.A. "ARULAR" : Maya Arulpragasam é bem provável que seja uma das figuras da actual música urbana que não passa despercebida, tanto pelo passado como pelo seu presente. Desde tenra idade viu o que muitos de nós não vimos: um país como o Sri Lanka fustigado por uma política opressora; um pai activista que acabou por ser vitima da opressão; o medo da fuga; a incerteza do futuro enquanto refugiada. Vida intensa que marcou M.I.A. e que trespassa na sua música. Ela olha para a vida com outros olhos e sabe até que ponto pode ir a crueldade do homem e até que ponto é necessário ter esperança para conseguir viver. "Arular" não é apenas um exercício de vitalidade criativa em torno de premissas hip-hop... é um relato de vida que muitos de nós prefere nunca vir a ter.

03. NOSTALGIA 77 "THE GARDEN" : Ao segundo álbum, Ben Lamdin prova definitivamente todo o talento. Sem nunca esconder o recurso ao computador para organizar o som produzido por uma série de músicos convidados, Lamdin procura um conceito onde toda a inspiração, independentemente da sua proveniência, possa condensar-se no lado mais espiritual do jazz. A música é forte e vive da procura de liberdade interior. Os músicos convidados são incentivados a soltarem-se, a improvisar à imagem de Sun Ra, Coltrane ou Archie Shepp. Não admira por isso que boa parte das inspirações venham de África, ganhando expressividade através do Jazz, da Soul ou do Funk dos anos 60.

02. LINDSTROM & PRINS THOMAS "LINDSTROM & PRINS THOMAS" : A promiscuidade vive nesta música, os ritmos do disco-sound co-habitam com os baixos poderosos do punk-funk, as melodias retro tipo Jean Michelle Jarre parecem co-existir no mesmo espaço com o dub ou com inspirações vindas de África. O delírio está pois então instalado quando os ritmos nos levam a um suave pé de dança ou a calmaria deixa-nos anestesiados com prazer. A especulação é a única certeza que esta música transporta consigo, e apesar da promiscuidade que poucos sabem explorar em beneficio da arte, o gosto de partir à descoberta de novas convicções, parece ser o que motiva estes senhores...

01. FAT FREDDYS DROP "BASED ON A TRUE STORY" : O álbum de estreia do colectivo neo-zelandês reforça definitivamente a personalidade sonora do projecto e em simultâneo realça a dinâmica adquirida em palco, criando momentos edílicos, envolvendo os ouvintes na deliciosa fusão entre o Reggae, Dub, Jazz e a Soul. O som é quente criando um universo onde as histórias de amor junto à praia enriquecem o nosso imaginário; um aroma doce de um perfume desconhecido paira no ar e confunde os sentidos deixando-nos à beira de um ataque romântico onde o calor conduz à nudez inocente. O amor solta-se! A música cumpre uma vez mais a sua missão enquanto arte... dar prazer a quem a ouve. Aqui respira-se a liberdade criativa de um colectivo que soube almejar a sabedoria dos velhos de Kingston e a capacidade de sintetizar a matriz cultural da música negra, refrescando-a com uma visão futurista, no entanto eloquente, da música popular. Essencial!
 
 
OUTROS ÁLBUNS:
BECK "GUERO"
PLANTLIFE "THE RETURN OF JACK SPLASH"
ROCKY MARSIANO "THE PYRAMID SESSIONS"
SEU JORGE "CRU"
COLDER "HEART"

COLECTÂNEAS:
GILLES PETERSON PRESENTS: THE BBC SESSIONS (ETHER MUSIC)
ACID- CAN YOU JACK? (SOUL JAZZ RECORDS)
KEEPINTIME: A LIVE RECORDING (NINJA TUNE)
JUAN ATKINS 20 YEARS 1985-2005 (TRESOR)
MOTOWN REMIXED (MOTOWN)
SPECTRAL SOUND VOL 1 (SPECTRAL SOUND)

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MEMÓRIAS DE 2004:

I-WOLF "MEETS THE BABYLONIANS"
RARE MOODS "PEACE IN DA NEIGHBORHOOD"
SKALPEL "SKALPEL"
 
Friday, January 27, 2006
  VALHA-NOS A MÚSICA...
Mais um ano que termina. 2005 despede-se politicamente com uma campanha presidencial que culminará com a eleição de um novo Presidente da República no dia 22 de Janeiro. Enquanto uns regozijam-se com o excitante momento político, e fazem dele um circo com piruetas desinteressantes, outros continuam a aguardar que os políticos (boa ou má moeda) resolvam a porcaria da crise.
A falta de esperança tanto nas figuras da política, como nas medidas governamentais para a economia, parece ter criado um pessimismo reinante. A ideia negativista instalada, e que tarda a dissipar-se, resulta de uma clara desorientação dos últimos governos: a contradição de medidas, a falta de coragem para efectuar reformas, os lobbies políticos, são alguns dos males que assolam o centro nevrálgico de decisão politica, deste país; nação que lentamente caminha na direcção errada em relação aos restantes parceiros europeus. Históricamente, sempre fomos os melhores a caminhar na direcção errada, uns trilhos acabaram por ser bons mas outros foram desastrosos.
Enquanto se anuncia preços novos (típicos) com a entrada de mais um ano, o comum dos portugueses ainda não se esqueceu que nos últimos anos tem saído mais das carteiras do que o que tem entrado.
Com tanto que pagamos em impostos, para onde vai o nosso dinheiro? A crise instalou-se, o défice mostrengo continua a devorar tudo, os grandes grupos económicos têm cada vez mais lucros astronómicos. E o Zé português? Coitado! Esse continua a pagar cada vez mais impostos! Continua a perder poder de compra comparativamente com os vizinhos espanhóis; continua a endividar-se; no essencial continua a pagar a factura da incompetência politica! As promessas de redução da despesa não convencem. Os novos investimentos ainda criam muitas dúvidas. Os portugueses ainda não perceberam se caminham sem retorno para o abismo ou se, com tantas promessas de solução para a crise, o último ano não terá sido o ínicio de uma nova era de prosperidade. Será?
Enquanto os "cabeçudos" deste país decidem o que querem fazer com ele, valha-nos a música para esquecer as trapalhadas e a incompetência de quem governa (ou governou) este país. Um bom ano com muita e boa música!
 
  OS MELHORES DE 2005 NA OPINIÃO DO:
ACISUM

Lista de melhores álbuns em ordem hierárquica:

Rolling Stones - A Bigger Bang
Foo Fighters - In Your Honor
The White Stripes - Get Behind Me Satan
Santana - All That I Am
Toranja - Segundo
Kaiser Chiefs - Employment
UHF - Há Rock No Cais
K-os - Joyfull Rebelion
Pólo Norte - Deixa O Mundo Girar
Mesa - Vitamina
AudioSlave - Out Of Exile
Blister - Without Truth You Are The Loser
Blind Zero - The Night Before And A Next Day
Franz Ferdinand - You Could Have It So Much Better
Rui Veloso - A Espuma Das Canções
Jack Johnson - In Between Dreams
Old Jerusalem - Twice The Humbling Sun
Oasis - Don't Believe The Truth
Coldplay - X & Y
Diana Krall - Christmas Songs
Gotthard - Lipservice
David Fonseca - Our Heart Will Beat As One
BoiteZuleika - Éramos Assim
Eric Clapton - Back Home
d3o - 8 Tracks On Red
Clã - Vivo
Filarmónica Gil - Filarmónica Gil
Gabriel O Pensador - Cavaleiro Andante
Xutos & Pontapés - Ao Vivo No Pavilhão Atlântico

O PUTO

Melhores álbuns estrangeiros:

Arcade Fire – Funeral
Bloc Party – Silent Alarm
Antony And The Johnsons – I Am A Bird Now
Acid House Kings – Sing Along With The Acid House Kings
LCD Soundsystem – LCD Soundsystem
Andrew Bird - Andrew Bird And The Mysterious Production Of Eggs
Gorillaz – Demon Days
Vitalic – Ok Cowboy
Stars – Set Yourself On Fire
Architecture In Helsinki – In Case We Die
Clap Your Hands Say Yeah – Clap Your Hands Say Yeah
The New Pornographers – Twin Cinema
Broken Social Scene – Broken Social Scene
Depeche Mode – Playing The Angel
Franz Ferdinand - You Could Have It So Much Better
Animal Collective – Feels
Patrick Wolf – Wind In The Wires
Editors – The Back Room
Ladytron – The Witching Hour
Stephen Malkmus – Face The Truth
Zzzz – Palm Reader
Sofa Surfers – Sofa Surfers
Sufjan Stevens – Come On Feel The Illionoise
Brazilian Girls – Brazilian Girls
Beck – Guero

Melhores álbuns nacionais
Ölga – What Is
Old Jerusalem – Twice The Humbling Sun
Rocky Marsiano – The Pyramid Sessions
Margarida Pinto – Apontamento
Complicado – Haunted

O TIPO

Internacional
- Sufjan Stevens: Illinois
- Antony & the Johnsons: I am a bird now
- Nine Horses: Snow Borne Sorrow
- Art Brut: Bang, Bang, Rock&Roll
- Bloc Party: Silent Alarm
- LCD Soundsystem: LCD Soundsystem
- Kanye West: Late Registration
- Steve Reid Ensemble: Spirit Walk
- Common: Be
- Rufus Wainwright: Want Two
- Editors: The Back Room
- Franz Ferdinand: You Could Have It So Much Better
- Sound Directions: The Funky Side of Life
- Jamie Lidell: Multiply
- Caribou: The Milk of Human Kindness
- Colder: Heat - Dk7: Disarmed
- Four Tet: Everything Ecstatic
- Khonnor: Handwriting
- MIA: Arular - Micah P Hinson and the Gospel of Progress Outros
- Beanie Sigel: The B.Coming
- Bruno E: Alma Sessions
- Gorillaz: Demon Days
- John Legend: Get Lifted
- QOTSA: Lullabies for Paralyze
- Rich Medina: Connecting the Dots
- Fat Freddy’s Drop – Based on a true story
- Midnight Movies: Midnight Movies
- Patrick Wolf: Wind in the wires
- Sofa Surfers: Sofa Surfers
- The Kills: No Wow
- The White Stripes: Get Behind Me Satan
- Wolf Parade: Apologies to the Queen Mary
- Bright Eyes: I'm Wide Awake, It's Morning

Nacional
- Old Jerusalem: Twice the Humbling Sun
- Rocky Marsiano: The Pyramid Sessions
- Kalaf+Type: A Fuga…
- Margarida Pinto: Apontamentos
- The Vicious Five: Up On the Walls
- Ölga: Ölga


SUBURBANO
:os melhores álbuns de hip hop de 2005 pelos ouvintes do programa Suburbano (Rádio Universidade de Coimbra)

Estrangeiros:
1. Talib Kweli - Right About Now
2. Afu-ra - State of the Arts
3. Guru - Version 7.0: The Street Scriptures
4. Blackalicious - The Craft
5. Common - Be

Portugueses:
1. Blackmastah - Krónikas de um Mestre
2. Sagas - Rostu Limpu
3. Regula - Tira-teimas
4. Twism - Beats & Rimas
5. Rocky Marsiano - The Pyramid Sessions

CADÊNCIAS

INTERNACIONAIS
1. Arcade Fire - Funeral
2. Franz Ferdinand - You Could Have It So Much Better
3. Goldfrapp - Supernature
4. Kaiser Chiefs - Employment
5. Clap Your Hands Say Yeah - Clap Your Hands Say Yeah
6. Sigur Rós - Takk 7. Gorillaz - Demon Days
8. Hot Hot Heat - Elevator
9. LCD Soundsystem - LCD Soundsystem
10. Beck - Guero
11. The Kills - No Wow
12. The White Stripes - Get Behind Me Satan
13. Eels - Blinking Lights And Other Revelations
14. Josh Rouse - Nashville
15. The Mars Volta - Frances The Mute
16. Jamiroquai - Dynamite
17. Queens Of The Stone Age - Lullabyes To Paralyze
18. Death From Above 1979 - You're A Woman I'm A Machine
19. System Of A Down - Mesmerize
20. Boards Of Canada - The Campfire Headphase

NACIONAIS
1. Clã - Vivo
2. Vários Artistas - Can Take You Anywhere You Want
3. Old Jerusalem - Twice The Humbling Sun
4. David Fonseca - Our Hearts Will Beat As One
5. Vários Artistas - 3 Pistas
6. Rocky Marsiano - The Pyramid Sessions
7. Blind Zero - The Night Before And A New Day
8. Mesa - Vitamina
9. Sara Tavares - Balancê
10. Blasted Mechanism - Avatara

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  OS MELHORES DE 2005 NA OPINIÃO DO:
KRAAK FM
AKA PEIXINHO

30. Fischerspooners "Odyssey" ex-aequo com Ladytron, "Witching hour"
29. Maxïmo Park "A certain trigger"
28. Art Brut "Bang Bang Rock & Roll"
27. The Wedding Present "Take fountain"
26. Eels "Blinking lights and other revelations"
25. Low "The great destroyer"
24. The Coral "The invisible invasion"
23. The Rakes "Capture/Release"
22. The Kills "No wow"
21. The Bravery "The Bravery"
20. Who Made Who "Who made who"
19. Belle & Sebastian "Push barman to open old wounds"
18. Bright Eyes "I'm wide awake, it's morning"
17. Editors "The back room"
16. Andrew Bird, "The mysterious production of eggs"
15. Kaiser Chiefs "Employment"
14. The New Pornographers "Twin cinema"
13. Animal Collective "Feels"
12. Boards of Canada "The campfire headphase"
11. Patrick Wolf "Wind in the wires"
10. The Departure "Dirty words"
9. Sigur Rós "Takk..."
8. LCD Soundsystem "LCD Soundsystem"
7. British Sea Power "Open Season"
6. Elbow "Leaders of the Free World"
5. Bloc Party "Silent Alarm"
4. The Clientele "Strange Geometry"
3. Arcade Fire "Funeral"
2. Hard-Fi "Stars of CCTV"
1. The National "Alligator"

100th WINDOW

:MELHORES ÁLBUNS
1 - Arcade Fire – "Funeral"
2- Sigur Rós – "Takk"
3- Madonna – "Confessions on a dance floor"
4- Kaiser Chiefs – "Employment"
5- Ladytron – "Witching Hour"
6- Kasabian – "Kasabian"
7- Coldplay – "X&Y"
8- LCD Soundsystem – "LCD Soundsystem"
9- The White Stripes – "Get behind me Satan"
10- Fischerspooner – "Odissey"
11- Beck – "Guero"
12- Franz Ferdinand – "You could have it so much better"
13- Editors - "The Back Room"
14- Kraftwerk – "Minimum/Maximum"
15- Bloc Party - "Silent alarm"

:MELHORES SINGLES
1- "Hung up" – Madonna
2 - "Rebellion (Lies)" – Arcade Fire
3 - "Do you want to" – Franz Ferdinand
4 - "Everyday I love you less and less" – Kaiser Chiefs
5 - "Tribulations" – LCD Soundsystem
6- "My doorbell" – The White Stripes
7- "Ooh la la" - Goldfrapp
8- "Glósóli" – Sigur Rós
9- "Destroy everything you touch" - Ladytron
10- "Precious" – Depeche Mode
11- "d.a.r.e" - Gorillaz
12- "Come on! Feel the Illinoise!" – Sufjan Stevens
13- "Drop the pressure" - Mylo
14- "Girl" – Beck
15- "Hey now now" – The Cloud Room

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  OS MELHORES DE 2005 NA OPINIÃO DO:
CANAL AUDITIVO

Jaga Jazzist - What We Must
Colder - Heat
Mike Ladd - Negrophilia The Album
Flanger - Spirituals
David S Ware - Live in The World
Colleen - The Golden Morning Breaks
Teddy Rok Seven - Universal Four
Yann Tiersen - Les Retrouvailles
Fat Freddy's Drop - Based On a True Story
Sigur Rós - Takk

O silêncio é uma língua que só usamos se tivermos o dicionário certo...
My Little Bedroom

1 - Franz Ferdinand - You Could Have It So Much Better.../ Bloc Party - Silent Alarm
3 - Depeche Mode - Playing The Angel
4 - The White Stripes - Get Behind Me Satan
5 - The Editors - The Back Room
6 - LCD Soundsystem - LCD Soundsystem
7 - The Bravery - The Bravery
8 - Hot Hot Heat - Elevator
9 - Black Rebel Motorcycle Club - Howl
10 - Ladytron - The Witching Hour
11 - Baumer - Come On, Feel It
12 - Hard-Fi - Stars of CCTV
13 – Beck - Guero
14 - Gorillaz - Demon Days
15 - Nada Surf - The Weight Is A Gift
16 - The Kills - No Wow
17 - The Rakes - Capture/Release
18 - Sufjan Stevens - Illinois
19 - Kaiser Chiefs - Employment
20 - The Raveonettes - Pretty in Black

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  OS MELHORES DE 2005 NA OPINIÃO DA:
BLUE, RED & DARK

1: Sonic Youth “Goo – Deluxe Edition”
2: Arcade Fire “Funeral”
3: Electrelane "Axes"
4: Petra Jean Phillipson "Notes on Love"
5: Sleater-Kinney "The Woods"
6: Róisín Murphy "Ruby Blue"
7: Kimmo Pohjonen & Eric Echampard "Uumen"
8: Broadcast “Tender Buttons”
9: AGF/Delay "Explode"
10: Patti Smith "Horses/Horses - Legacy Edition"
11: Janis Joplin "Pearl - Legacy Edition"
11: Patrick Wolf "Wind In The Wires"
12: Antony and the Johnsons "I am a Bird now"
13: Queens Of The Stone Age “Songs For The Deaf”
14: The Kills “No Wow”
15: White Stripes “Get Behind Me Satan”
16: LCD Soundsystem "LCD Soundsystem"

DROGERIADIMUSICA

Internacional
1. Animal Collective - Feels
2. Bloc Party - Silent Alarm
3. Kanye West - Late Registration
4. Sufjan Stevens - Illinois
5. Antony & the Johnsons - I Am a Bird Now
6. Deerhoof - The Runners Four
7. Wolf Parade - Apologies to the Queen Mary
8. LCD Soundsystem - LCD Soundsystem
9. Andrew Bird - & the Mysterious Production of Eggs
10. M.I.A. - Arular

Nacional
1. Rocky Marsiano - The Pyramid Sessions
2. The Vicious 5 - Up on the Walls
3. Old Jerusalem - Twice the Humbling Sun

Top Concertos
1. The Arcade Fire @ Paredes de Coura
2. Ali Farka Touré @ Anfiteatro Keil do Amaral
3. New Order @ SBSR
4. !!! @ Paredes de Coura
5. LCD Soundsystem @ Lux

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htttp://drogheriadimusica.blogspot.com
 
  OS MELHORES DE 2005 NA OPINIÃO DE:
BIFERADIO SHOW

Trofa Fm

:(Alguns) Discos-Maravilha da Colheita 2005
13 & God – "13 & God"
Alias & Ehren – "Lillian"
Antony And The Johnsons – "I'm A Bird Now"
Colder – "Heat"
Emiliana Torrini – "Fisherman's Woman"
Pendulum – "Hold Your Colour"
Rich Medina – "Connecting The Dots"
Steve Spacek – "Space Shift"
Tiefscharwz – "Eat Books"
Vive La Fête – "Grand Prix"
Carlos Bica – "Single"
Crewcial – "Ombuto"
Cristina Branco – "Ulisses"
Kubik – "Metamorphosia"
Melo D – "Chega de Saudade"
Norton – "Frames - Remixes & Versions"
Ölga – "What Is"
PZ – "Anticorpos"
The Ultimate Architects – "Soma"
V/A – "Composto de Mudança"


JOÃO MOCO

Internacional: 1. The Arcade Fire – Funeral
2. Sufjan Stevens – Illinois
3. Antony and the Johnsons – I Am A Bird Now
4. Matt Elliott – Drinking Songs
5. Patrick Wolf – Wind in the Wires
6. KTU – 8 Armed Monkey
7. LCD Soundsystem – LCD Soundsystem
8. Andrew Bird – The Mysterious Production of Eggs
9. Sigur Rós – Takk...
10. Kanye West – Late Registration
11. Colleen – The Golden Morning Breaks
12. Gorillaz – Demon Days
13. Jamie Lidell – Multiply
14. Animal Collective – Feels
15. Rufus Wainwright – Want Two
16. Devendra Banhart – Cripple Crow
17. Mike Ladd – Negrophilia (The Album)
18. Ladytron – Witching Hour
19. Common – Be
20. The Juan Maclean – Less than Human
21. 13 & God – 13 & God
22. Black Rebel Motorcycle Club – Howl
23. Depeche Mode – Playing the Angel
24. Clap Your Hands Say Yeah – Clap Your Hands Say Yeah
25. Death From Above 1979 – You’re A Woman, I’m A Machine
26. The Decemberists – Picaresque
27. Franz Ferdinand – You Could Have It So Much Better
28. Sleater-Kinney – The Woods
29. Wolf Parade – Apologies to the Queen Mary
30. The Kills – No Wow
31. Shivaree – Who’s Got Trouble?
32. Six Organs of Admittance – School of the Flower
33. Bright Eyes – Digital Ash in a Digital Urn
34. Bright Eyes – I’m Wide Awake, It’s Morning
35. Saint Etienne – Tales from Turnpike House

Nacional:
1.Bernardo Sassetti Trio – Ascent
2.Cristina Branco – Ulisses
3.Rocky Marsiano – The Pyramid Sessions
4.Old Jerusalem – Twice the Humbling Sun
5.David Fonseca – Our Hearts will Beat As One
6.The Vicious Five – Up On the Walls
7.Sagas – Rostu Limpu
8.Serial – Brilhantes Diamantes
9.Mísia – Drama Box
10.Complicado – Haunted
11.Blind Zero – The Night Beofre and A New Day
12.Ölga – What Is
13.Blasted Mechanism – Avatara
14.Margarida Pinto – Apontamento
15.Mesa – Vitamina
16.Kátia Guerreiro – Tudo ou Nada
17.Funami – Funami
18.The Ultimate Architects – Soma
19. Mafalda Arnauth - Diário
20. Looser - From the All Round Suns
 
  OS MELHORES DE 2005 NA OPINIÃO DA:
HEBE KATIA
:Os10 discos para o ano de 2005
ARCADE FIRE: "Funeral"
FRANZ FERDINAND: "You Could have it so much better"
LADYTRON: "Witching hour"
ANTONY AND THE JOHNSONS: "I am a Bird"
LCD SOUNDSYSTEM: "LCD Sound system"
SUFJAN STEVENS: "Come on feel the Illinoise"
BLOC PARTY: "Silent Alarm"
COLDER: "Heat"
THE BRAVERY: "The Bravery"
THE EDITORS: "The Back Room"

:Os Singles LCD SOUNDSYSTEM: "Tribulations"
GORILLAZ: "d.a.r.e."
FRANZ FERDINAND: "Walk way"
MADONNA: "Hung up"
THE BRAVERY: "An honesty mistake"
BLOC PARTY: "Two more years"
THE EDITORS: "Munich"
ELECTRELANE: "Two for joy"
LADYTRON: "Destroy everything you touch"

:Os concertos de 2005
LCD SOUNDSYSTEM - Festival Sudoeste
BELLE AND SEBASTIAN - Málaga

:Os filmes que sensibilizaram
TARNATION - Jonathan Caouette
GARDEN STATE - Zach Braff
ALICE - Marco Martins
BROKEN FLOWERS - Jim Jarmusch
 
Saturday, December 31, 2005
  OS 10 MELHORES DE 2005 NA OPINIÃO DA (ou DE):
PITCHFORK
10: Wolf Parade: "Apologies to the Queen Mary"
9: Cam'ron: "Purple Haze"
8: LCD Soundsystem: "LCD Soundsystem"
7: Animal Collective: "Feels"
6: Deerhoof : "The Runners Four"
5: Antony & the Johnsons: "I Am a Bird Now"
4: M.I.A.: "Arular"
3: Art Brut: "Bang Bang Rock & Roll"
2: Kanye West: "Late Registration"
1: Sufjan Stevens: "Illinois"

SOUND & VISION
: Nuno Galopim

Nacional:
1: Bernardo Sassetti: "Alice"
2: Mariza: "Transparente"
3: Clã: "Vivo"
4: David Fonseca: "Our Hearts Will Beat As One"
5: Rocky Marsiano: "The Pyramid Sessions"
6: Mafalda Arnauth: "Diário"
7: Katia Guerreiro: "Tudo ou Nada"
8: The Ultimate Architects "Soma"
9: Post Hit: "Post Hit"
10: Mesa: "Vitamina"
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Internacional:
1: Arcade Fire: "Funeral"
2: Sufjan Stevens: "Illinoise"
3: Rufus Wainwright: "Want 2"
4: Brian Eno: "Another Day On Earth"
5: Animal Collective: "Feels"
6: Antony & The Johnsons: "I'm A Bird Now"
7: Patrick Wolf: "Wind In The Wires"
8: Franz Ferdinand: "You Could Have It So Much Better"
9: Khonnor: "Handwriting"
10: Editors: "The Back Room"

: João Lopes

Nacional:
1: Katia Guerreiro: "Tudo ou Nada"
2: Bernardo Sassetti: "Ascent"
3: Bernardo Sassetti: "Alice"
4: Mafalda Arnauth: "Diário"
5: Cristina Branco: "Ulisses"
6: Joana Amendoeira: "Ao Vivo em Lisboa"
7: Clã: "Vivo"
8: Blind Zero: "The Night Before and a New Day"
9: David Fonseca: "Our Hearts Will Beat as One"
10: Post Hit: "Post Hit"

Internacional:
1: Patti Smith: "Horses/Horses"
2: The Kills: "No Wow"
3: Sufjan Stevens: "Illinoise"
4: Antony & the Johnsons: "I’m a Bird Now"
5: Rufus Wainwright: "Want Two"
6: Arcade Fire: "Funeral"
7: Madonna: "Confessions on a Dance Floor"
8: Bruce Springsteen: "Devils And Dust"
9: Beck: "Guero"
10: Ryan Adams: "Cold Roses"

GILLES PETERSON
WORLDWIDE AWARDS

Sessão do Ano: Roots Manuva
Editora do Ano: Tru Thoughts
Álbum do Ano: Fat Freddys Drop: "Based on a True Story"
Compilação do Ano: Jazzanova: "The Remixes 2002-2005"
Música do Ano: Amerie: "One Thing"
Prémio Carreira: The Mizell Brothers
Les Inrockuptibles
(Hors Série)
1: The Arcade Fire: "Funeral”
2: Sufjan Stevens: “Come On Feel The Illinoise”
3: Gorillaz: "Demon Days”
4: Franz Ferdinand: “You Could Have It So Much Better”
5: LCD Soundsystem: “LCD Soundsystem”
6: Bloc Party: “Silent Alarm”
7: Antony & the Johnsons: "I’m a Bird Now"
8: Camille: “Le Fil”
9: Kanye West: "Late Registration”
10: The Queens Of The Stone Age: "Lullabies To Paralyze”
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http://www.pitchforkmedia.com/
sound--vision.blogspot.com
www.bbc.co.uk/radio1/urban/peterson
 
  READYMADE FC "BABILONIA"
É cada vez mais comum os músicos procurarem novas orientações estéticas para atribuirem novo sentido a um determinado projecto, mesmo que isso implique uma transformação que leve muitos a estranharem, mas entenderem, e outros ouvirem e afastarem-se. Há transformações que fazem sentido e outras que simplesmente não se percebem. A mudança de noventa graus que Jean-Philippe Verdin atribuiu à sua música não passa despercebida. Apesar de eu ter gostado da música deste "Babilonia", ainda não consigo dizer se entendi o motivo pelo qual o francês abandonou a escrita muito geométrica do Techno que caracterizou "Bold" (2001), para agora regressar neste fim de ano com um prefeito exemplo de quem perdeu tempo nos últimos tempos a escutar, apreciar e estudar a música de Syd Barrett, Bjork ou até Brian Wilson. A música soa bem. A economia sonora abre espaço para a contemplação melódica gerada por orquestrações, as pulsações da electrónica (por vezes cut & clic) são sustentações para belas canções pop onde participam Feist, David Sylvian ou Yael Naim. Este novo álbum de Readymade desafia quem já conhecia a música produzida por Jean-Philippe Verdin e poderá ser visto como uma atitude de um autor que não pretende ficar preso a géneros, tendências ou modas, procurando essencialmente surpreender... mesmo que o rumo artístico possa perder algum sentido. Antes assim que estar a insistir no vazio...
 
  JUKKA ESKOLA "JUKKA ESKOLA"
Eskola é um jovem trompetista finlandês mais conhecido internacionalmente pelo trabalho enquanto colaborador em projectos como os NuSpirit Helsinki, Teddy Rok Seven ou os The Five Corners Quintet, do que propriamente dito pelo material editado por si.
Mais cedo ou mais tarde, o momento de apresentar-se ao mundo com matéria própria teria de chegar e ai está o álbum de estreia. Uma das formas que encontrou de impor o nome foi dar o seu ao titulo, assumindo-se assim como músico e individuo, capaz de assumir todo o papel de orientador criativo num trabalho de longa duração.
No álbum debutante encontra-se toda uma família a apoiar Jukka, Teddy Rok e Teppo Makynen produzem grande número dos temas e boa parte dos músicos que aqui participam também estiveram envolvidos noutros trabalhos como elementos activos (colectivos NuSpirit ou The Five Corners).
Como estamos perante o núcleo criativo Nu-Jazz sedeado em Helsínquia, é natural que não haja grandes diferenças entre todos projectos, podendo-se caracterizar "Jukka Eskola" como mais um álbum característico da cena Nu-Jazz Finlandesa.
Ao contratar uma série de músicos com os ensinamentos da velha escola, Jukka procurou desafia-los, estimulando o improviso. A música ganha vida e as vibrações sentem-se. A vertente mais ortodoxa, as inspirações do Jazz de finais de 70, co-habitam com electrónicas discretas que por vezes marcam o ritmo mas que permitem sempre criar envoltura. O trompete de Jukka ganha espaço em todos os temas, mas em poucos momentos se solta como em "Go Time", de longe o melhor tema do álbum; mesmo assim os outros temas têm dimensão suficiente para estimular o ouvinte.
Jukka está uns furos acima de The Five Corners Quintet, apesar de as diferenças de estilo não serem muito grandes. A vontade de ir um pouco mais além em termos criativos (comparativamente a "Chasing The Jazz Gone By ") faz de "Jukka Eskola" um objecto que procura explorar o universo Nu-Jazz com espírito mais empreendedor.
 
  Rapidinhas da semana...
Banal. Bastou uma escuta para perceber que nada de novo se ouve por aqui. "The Latin Kicks" de Gerardo Frisina, bate e rebate as formulas do Nu-Jazz. Os ritmos latinos sustentam um jazz cansado de tanta insistência no mesmo modelo. Há um ou (no máximo) dois momentos de alguma contida inspiração, dai em diante caminhamos por terrenos estéreis que já deram frutos. O som da Schema aproxima-se perigosamente da pura banalidade, correndo o risco, num futuro próximo, de perder o prestígio que ganhou no fim dos anos 90.

Os SA-RA tardam em editar o álbum de estreia, criando uma expectativa que está sujeita a ser defraudada. Enquanto o momento não chega, editam este duplo EP (que bem podia ser um): "Second Time Around". A vontade de criar um som próprio continua, tal como o ímpeto para refrescar as linguagens do Hip-Hop. Referência muito especial para um dos meus temas favoritos de 2005: a remistura dos SA-RA para "Simply So" de GB com a participação de Steve Spacek. Muito bom!

Pharrell Williams continua a ser um dos produtores norte americanos mais requisitados, podendo mesmo ser considerado uma "alavanca criativa" para muitos músicos sem criatividade. Depois de "Frontin" em 2003, ai está mais uma produção em nome próprio: "Can I Have it Like That" com a participação de Gwen Stefani. Não é uma das suas melhores criações, mas continua a ser um dos produtores mais imaginativos e talentosos, procurando, sempre que pode, perverter os paradigmas do Hip-Hop e do R&B. Mais comentários quando for editado em Fevereiro o álbum de estreia a solo: "In My Mind".
 
  KELLEY POLAR "LOVE SONGS OF THE HANGING GARDENS"
Se começasse esta recensão preocupado com designações para caracterizar esta música, provavelmente acabaria por não ter disposição para falar do conteúdo propriamente dito. Leio com frequência críticas em que a principal preocupação é chamar nome às coisas e quando não conseguem catalogar inventam termos novos, a que muitos acabarão por chamar música nova -isto num tempo em que muitos dizem que na música já está tudo inventado. A quantidade de híbridos produzidos hoje em dia, tem deixado muita crítica ocupada com nomenclaturas; no caso de alguma imprensa britânica, desprezar discos de qualidade apenas por a música exposta ir para além da imaginação para nomes pode parecer exagero, mas já aconteceu. No caso de "Love Songs of the Hanging Gardens" de Kelly Polar, poderia levantar-se discussões sobre o que aqui se encontra é Nu-Disco ou Disco-House. Discussão semelhante surgiu quando os Metro Area editaram o seu álbum de estreia. "Love Songs of the Hanging Gardens" é o primeiro passo do jovem Kelley; nascido na Croácia, filho de pais americanos, cedo revelou-se um prodígio de violino na mão. Cresceu a ouvir musica clássica mas também pop de inspirações electrónicas. Colaborou com os Metro Area na produção do álbum de estreia, dando alguma vida orquestral a um disco electrónico -caso de "Miura", onde mostrou alguns dos seus dotes como violinista. Não admira por isso que Morgan Geist se tenha dado como voluntário para a produção de "Love Songs of the Hanging Gardens", o álbum de estreia. Nada por aqui é verdadeiramente novo, mas também nada aqui é verdadeiramente mau. Para além de algumas semelhanças com os Metro Area, há música orgânica, música cantada, música eloquente que apenas a alma podia ter dado forma. Os momentos mais pop são cintilantes, sentidos e verdadeiros, não procurando muita luz mas também não querendo ficar no escuro ("My Beauty in The Moon", "Matter in to Energy"). Apesar de alguma economia sonora, há preocupações com o pormenor. O violino de Kelley surge discreto mas sempre a dar a tónica, guiando o ouvinte por pequenas e humildes orquestrações que dão volume à música ("Cosmological Constacy" ou "Ashamed Of Myself"). Oiçam e depois quem tiver tempo que se lance a discutir as diferenças sobre Nu-Disco ou Disco-House ou sobre até que ponto Arthur Russel pode ou não ter influenciado este jovem músico. Uma coisa é certa, o rapaz não começou mal!
www.kelleypolar.com
www.environrecords.com
 
  THE ORB "OKIE DOKIE ITS THE ORB ALBUM ON KOMPAKT"
Há coisas que não se percebem. Porque se perderam os astros no espaço sonoro depois de "Pomme Fritz" (1994) e agora procuram o regresso à terra? De quem terá sido o interesse a edição deste álbum: de Thomas Fehlmann ou Alex Paterson? Qual o objectivo de chamar um disco "Okie Dokie Its The Orb Album on Kompakt"? É suposto fazer-nos esquecer os pobres trabalhos editados de à 10 anos para cá ou fazer nos acreditar que descobriram um nova rota para o seu som? Mas há outras questões que se levantam e que este disco também não dá resposta. Será que descobriram o caminho de volta? Será oportuna esta abordagem techno por parte da dupla? Porque recorreram à escola alemã do techno para dar sentido a uma electrónica tipicamente Orb? Okie Dokie!! É sem dúvida mais um álbum dos Orb. De mestres das artes ambient no ínicio dos anos 90 ("U.F.Orb") a mestres das ambiguidades electrónicas que os tem caracterizado de à uns anos para cá ("Orbus Terrarum", "Cydonia"). Este álbum pode ser o mais consistente dos últimos tempos, mas ainda coloca os Orb muito longe do planeta Terra.
www.theorb.com
www.backsideoftheorb.com
 
  AUDION "SUCKFISH"
Desde que Abe Duque interrogou-se (em "What Happened?") sobre o estado lastimável em que se encontra toda a cena techno e house, tenho meditado sobre a forma que como o mercado tem tratado toda uma cultura, como a forma que os protagonistas dessa mesma cultura têm lidado com o mercado, revelando pouca lealdade com o espírito que instaurou-se em finais de 80. Já não se procura na cultura techno-house, o escape para uma realidade paralela onde a evasão dos terrenos comuns, a fuga da realidade quotidiana ou a mutilação de clichés pop era considerado uma prerrogativa. Hoje todo o movimento rendeu-se à lógica do mercado, a música perdeu o valor intrínseco, a capacidade de desafiar não só corpo, mas também a mente. Perdeu a capacidade de desafiar-se a si mesma. O consumo desmesurado obrigou a uma produção disparatada, avulso e sem ponta criativa que desperte os valores por detrás dos ensinamentos concebidos à quase 20 anos atrás em cidades como Detroit ou Chicago. A cultura actual pretende essencialmente criar estrelas que possam cintilar ao lado de outras vedetas que a pop venera. Nada mais conveniente para um mercado que quer rentabilizar qualquer ideia nova que saia do tubo de ensaio, tardando a evolução (senão mesmo evitando-a) até o óbito ser declarado, sentando-se de seguida à espera da next big thing.
Nesta temática, a indústria parece ser a única com objectivos definidos, porque o underground, que sempre foi o laboratório onde a matéria tomou forma, parece resignado e inerte. A força de "Homework" dos Daft Punk pode ter criado um paradigma, mas o revivalismo pop anos 80 na cena electrónica não trouxe nada que desafie verdadeiramente o estabelecido, antes pelo contrário, instigou a vontade de muitos em quererem ser vedetas à imagem dos maneirismos de 80.
As excepções têm vindo da Alemanha (Kompact, BPitch Control) ou Estados Unidos (Ghostly International/ Spectral Sound), onde editoras independentes têm contrariado o aparente deserto de ideias com o qual toda a cultura techno-house tem aprendido a sobreviver. Depois da promessa de morte do rock em meados de 90, parece ser a vez do techno ou do house... Sim, porque neste momento a luta começa a parecer-se mais com uma sobrevivência.
Folgo em saber que há quem trabalhe para contravir o marasmo instalado e Matthew Dear é um dos mais esforçados jovens a contrariar a ociosidade. O seu percurso tem sido relativamente discreto, mas o seu trabalho na área do techno minimal tem sido merecedor dos mais elevados elogios, podendo o seu nome ser incluído no meio dos grandes do techno actual como Thomas Brinkmann, Ricardo Villalobos, Michael Mayers ou Superpitcher. Os seus recentes trabalhos como mini álbum "Backstroke" (2004), assinado com o próprio nome ou a edição de uns quantos maxis (ora assinando Matthew Dear, Jabberjaw, False ou Audion) em etiquetas como a Perlon, Minus ou a Plus 8 de Richie Hawtin, tem lhe trazido algum reconhecimento no meio.
A música de Dear tanto pode divagar pelos territórios minimais abstractos onde a pulsação das maquinas marcam cadência à sua visão pop de vanguarda, como é o caso de "Backstroke", como pode preferir o hipnotismo que torna todo melómano vitima do ritmo robusto desenhado para as pistas de dança; e é disso mesmo que se trata o seu projecto Audion. Enquanto "Backstroke" preferia a introspecção, "Suckfish" é extrovertido. Ele não consegue ocultar o objectivo pelo qual veio ao mundo: fazer dançar e colocar simultaneamente a mente num transe onde o mundo é visto através de um caleidoscópio, como a própria capa faz questão de lembrar. O techno tanto é despido a um nível esquelético, como em boa parte das vezes é recheado por sub-baixos que entorpecem a mente, por sintetizadores que carregam o corpo de energia e êxtase, por ritmos sólidos e vigorosos, por melodias carregadas de acidez suficiente para dissolver qualquer ócio.
O techno volta ao seu meio de predilecção: o laboratório. Volta a ser capaz de surpreender académicos, de ser vítima de dissecação e estudo. O espírito primordial vive através de uma geometria sonora traçada por máquinas, ele ergue-se, soltando-se de amarras, surpreendendo e fazendo-nos acreditar que um futuro esmorecimento ainda não chegou.
www.matthewdear.com
www.spectralsound.com
www.ghostlyinternational.com
 
  FREEFORM FIVE "STRAGEST THINGS"
A despeito de muitas das influências serem nomes como os Depeche Mode, Prince, os Pixies ou os Erasure, muitos poderão pensar que os Freeform Five são mais uma repercussão do fenómeno Sissor Sister em terras britânicas. Mas não!
O projecto do multi-instrumentalista e compositor Anu Pillai, procura recuperar algum glamur da pop dos anos 80, tornando-a séria e respeitável, e cruzá-la com o p-funk, o techno-house e outras feições que animam a actualidade musical, não sendo difícil concluir que o caminho optado por este conjunto é bem mais difícil e sinuoso que o trajecto que os Sissor Sister tomaram enquanto produziam o péssimo álbum de estreia. Talvez por isso mesmo, "Strangest Things" não tenha sido merecedor de mais atenção e entusiasmos.
Longe de provar de forma substancial a sua retórica electro-pop, o álbum debutante acolhe nos bem, mas a estadia prolongada acaba por deixar-nos confusos, não se percebendo em concreto qual o azimute traçado e os objectivos a atingir. Nos momentos mais iluminados, a abordagem à pop lembra os tempos em que os Gus Gus tinham uma atitude anacrónica e bem disposta, tempos em que revelavam engenho e perspicácia na composição. Os Freeform Five procuram esse diapasão, mas o problema é perderem-se logo a seguir a uma boa ideia. Isso nota-se no alinhamento: no início conseguem derrubar as fronteiras que separam o p-funk da pop mais moderada, a música vive e ganha forma, é quente e festiva. No fim as linguagens simplificam-se, a música acaba por ficar mais linear, dissipando-se o gosto pelo risco e descoberta de novos horizontes, no fundo toma gosto pelos encantos da pop e fica-se. Poderá não ter sido essa a intenção, mas acabou por ser esse o resultado.
No futuro será necessário procurarem esclarecer o rumo pretendido antes de voltarem a pegar nos instrumentos. Defenirem uma estrategia. Talvez assim, possam ter o foco de luz que os faça sair da sombra.
www.freeformfive.com
www.ultimate-dilemma.com
 
  Y.N.Q. presentes SOUND DIRECTIONS "THE FUNKY SIDE OF LIFE"
O homem não pára! Otis Jackson Jr. é uma das personagens mais irreverentes e trabalhadoras do hip-hop alternativo norte americano. Poderá ser mesmo chamado de workaholic; além das produções próprias, consegue encontrar sempre tempo para projectos paralelos ou encabeçar colaborações. É bem verdade que, mais cedo ou mais tarde, quem muito trabalha, acaba por ver o seu trabalho recompensado e agraciado...
Madlib, para além do nome que todos conhecemos, tem outras caras e facetas, cada projecto tem uma ideia ou conceito por de trás. Por exemplo a Yesterday's New Quintet é um quinteto imaginário liderado por Jackson Jr. onde o lado irreverente do Jazz improvisado consegue ladear-se com os beats do hip-hop e resultar num género de jam-session gravado em estúdio -como prova o manifesto "Angles Without Edges".
Este ano para além da edição do segundo álbum de Quasimoto, a produção de "Push Comes to Shove"do jovem M.E.D., e uma série de produções de temas para individualidades ligadas à Stones Throw, Madlib conseguiu ainda encontrar tempo para conceber mais um projecto: Sound Directions. Não é por acaso que a Y.N.Q. aparece associado ao novo nome: o quinteto imaginário passou a ter músicos a sério! Enquanto na Y.N.Q. a massa sonora era resultado da manipulação de samplers e de alguns instrumentos (como o órgão ou a bateria) tocados pelo próprio Madlib, o novo projecto é constituído por alguns nomes de referência. O lendário trombonista bebop J.J. Jonhson, o baterista britânico Malcolm Catto (ligado a produção de beats para DJ Shadow) ou Todd Simon, são algumas das personalidades associadas a este projecto, onde a música acaba por tomar um rumo ligeiramente mais orgânico, apesar de ser sempre difícil descortinar o que é samplado ou tocado em estúdio em boa parte da música que Jackson Jr. elabora. Talvez seja essa uma das virtudes de Madlib, o seu estilo de produção é único e irreverente, a sua música é densa e por vezes suja. Propositadamente retira alguma qualidade ao som, criando imperfeições, que no fim acabam por dar uma nova dimensão ao seu som; este álbum não foge ao estilo que já nos habituamos, apesar de algumas incursões delibradas pelo funk.
"The Funky Side of Life", pode não ter o peso de "Angles Without Edges" ou a visão de "Shades of Blue", mas é mais um momento de afirmação e atitude em relação à maleabilidade do hip-hop.
www.stonesthrow.com
 
  JAZZANOVA "REMIXES 2002-2005"
Quantos discos serão necessários para perceber-se que um projecto falhou? Muitos dirão um, outros três ou quatro. Dependerá naturalmente da sensibilidade de cada um saber responder a essa questão, porque a perspicácia de leitura e interpretação de uns, poderá ser vista como precipitação analítica por outros. A questão é velha e é também a que tem criado fissuras entre os que defendem a opinião do público e os que valorizam a racionalidade dos críticos.
Mas a questão também poder-se-á colocar ao contrário: quantos discos serão necessários para um projecto demonstrar que vingou num mercado comilão? A resposta seria idêntica: um, ou até três ou quatro. No entanto a existência de várias sensibilidades, incluindo a lógica do mercado, torna possível uma unicidade de consenso em torno de determinados projectos como os Kruder & Dorfmeister, os Gotan Project, os Thivery Corporation ou os Jazzanova -projectos, que não fazendo música para massas, são já tolerados por uma boa fatia do mercado. Os primeiros dissiparam-se no tempo sem nunca provarem a capacidade de produção para além das remisturas; os segundos editaram um único registo de originais -por sinal bem acolhido pelo mercado- e parecem estar ainda agora a viver dos louros recolhidos em 2001, tardando a elaborar um segundo disco; os terceiros demonstraram ter um percurso irregular ao longo do tempo; os quartos serão talvez os únicos que já demonstraram quase tudo...
Poucos deverão ser os que serão capazes de por em causa o valor do colectivo de Berlim, que não só ergueram, juntamente com os K&D e os Thivery Corporation, um paradigma musical, como impuseram-se no mercado da forma menos convencional e que só mesmo os anos 90 poderiam por ao dispor em toda a sua plenitude artística uma forma muito pessoal de metamorfose sonora: a remistura. Através dela deram-se a conhecer e através dela ganharam reputação.
Como diria Ricardo Saló no seu artigo do Expresso: "...quem cedo se fez mestre dificilmente deixará de sê-lo." Apesar de muitos já terem provado o valor, acabaram por ser vitimas de um mercado cruel e ávido, conhecido por devorar a novidade e transformá-la em banalidade. Mas os Jazzanova sabem que a cedência é o primeiro passo para um caminho que poderá não ter retorno, continuando a preferir o refúgio no seu pequeno quartel general em Berlim onde, com independência, vão continuando a provar o seu valor. Seja na produção de temas para família Sonar Kollektiv, na produção própria ou como é uma vez mais o caso, a transformação pessoal do material alheio. Em "Remixes 2002-2005", os Jazzanova dão continuidade a uma das suas actividades favoritas: o exercicio de estilo na revisão de originais de gente como os Fat Fredys Drop, Heavy, Eddie Gale ou Calexico. Apesar não ter a força da primeira antologia, continua muitos níveis acima da convencional remistura que se pratica por ai, provando uma vez mais que o valor intrínseco que damos ao sexteto não é obra do acaso.
Comprem o cd original, só assim terão acesso a um link directo para poderem fazer um download de um mix especial dos Jazzanova que inclui algumas raridades interessantes.

Discografia Jazzanova:
The Remixes 2002-2005, Cd (2005)
...mixing, Cd (2004)
Let Your Heart Be Free, 12" (2004)
Glow & Glare / Dance The Dance, 12" (2004)
Remixed, 2xCd (2003)
Days To Come Remixes, 12" (2002)
Soon (part one), 12" (2002)
That Night Remixes, 12" (2002)
In Between, Cd (2002)
That Night / Days to Come, 12" (2001)
Reworks from Japan, 12" (2001)
The Remixes 1997-2000, 2xCd (2000)
Jazzanova EP 2, 12" (1998)
Jazzanova EP 1, 12" (1997)
www.jazzanova.net
www.sonarkollektiv.com
 
Friday, December 23, 2005
  DEPECHE MODE "PLAYING THE ANGEL"
Devo começar por admitir que os Depeche Mode são para mim uma das referências da electo-pop dos anos 80. Acreditem ou não, mas ainda encontra-se no meu imaginário musicas como "I Feel You", "Master and Servants", "Enjoy The Silence", "People are People" ou eterno "Personal Jesus".
Não sou um grande entendido na discografia dos Depeche Mode, como tal o que fui absorvendo na actividade dos últimos anos do grupo poderá não ser o suficiente para fazer uma crítica muito objectiva, mas talvez uma muito subjectiva e dar uma opinião muito superficial do que ouvi do mais recente trabalho: "Playing The Angels".
Apesar de aproveitarem esta onda revivalista dos anos 80 para fazerem vingar as suas canções, o seu electro-pop impõe-se o suficiente para demonstrarem que, independentemente da idade, ainda conseguem movimentar-se neste mercado como mestres de um formato que ganhou prestígio à vinte anos atrás.
Não querendo uma imponência do seu estatuto, lançam-se com ideias suficientemente credíveis e maduras para despertarem a atenção de muita gente, como eu. Apesar de não ser a pessoa mais indicada para falar deles.
 
  BANDEX "BANDEX"
Acabou de ser reeditado o álbum de estreia do projecto português Bandex. Originalmente editado à um ano atrás, este novo objecto, agora com a chancela da jovem editora Chiado Records, inclui um tema novo e uma remistura realizada por Wolfgang Shlogel a.k.a. I-Wolf, um dos membros do projecto austríaco Sofa Surfers. À uma ano atrás os Bandex passaram-me completamente ao lado, por isso fiquei satisfeito pela reedição, deparando-me com um conjunto de temas muito interessantes, onde a sofisticação do Jazz encontra-se com o efeito dopante do Dub, privilegiando-se simultaneamente a música latino- americana. Os Bandex desenvolvem uma sonoridade downtempo envolta num estimulante manto de influências que vão desde os nomes nas laterais dos vinis expostos na capa até personagens pouco conhecidas do público português como o argentino Axel Krygier ou os guatemalenses Radio Zumbido. A reedição de um híbrido estimulante!
www.bandexmusic.com
www.chiadorecords.com
 
  BREAKESTRA "HIT THE FLOOR"
É certo que o funk nunca morreu. Mas também é certo que depois da explosão criativa de finais de 60 e princípios de 70, personificada muitas das vezes por James Brown, o funk nunca mais voltou a manifestar-se com a mesma destreza. Apesar de uma nova geração de músicos de rua apropriarem-se da sua componente rítmica, o funk manteve-se à margem dos grandes entusiasmos originados pelos grandes acontecimentos estéticos dos anos 80 e 90. O hip-hop deve-lhe a vida, mas enquanto o movimento de rua ganhava força, o funk parecia ser apenas uma mera fonte de inspiração rítmica. Os clássicos e rare-grooves foram pilhados e samplados vezes sem conta e a expressão breakbeat começou a ganhar força. Reconhece-se ainda hoje em dia os breaks samplados do popular "Funky Drummer" de James Brown em muitos clássicos do hip-hop.
Apesar de afastado dos novos movimentos, o funk de contornos mais clássicos parece continuar a fascinar e inspirar muita gente, nomeadamente uma nova geração de músicos que cresceu a ouvir Sly & The Family Stone, Kool & The Gang ou The J.B.'s. Gente como Will Holand (The Quantic Soul Orchestra) ou Miles Tackett (Breakestra) têm procurado em clássicos perdidos no tempo o estro que os motive a fazer música, demonstrando que a veia criativa do funk ainda não atingiu o nível da atrofia. Ambos os músicos têm procurado alguma proeminência nas linguagens funk, tendo Holland editado já dois álbuns com a sua orquestra e Tackett editado duas séries de "Live mix tape" (para além de alguns EP´s) e apenas agora ter editado o álbum debutante.
A Breakestra começou da vontade de Tackett, que essencialmente pretendia tocar ao vivo clássicos do funk, ora sobrepondo a bateria tocada ao vivo em temas que rodavam no gira-discos, ora lançando-se em jam-sessions, onde os clássicos se viam naturalmente estropiados por uma deliberada, mas sincera, vontade de improvisar em palco. No primeiro registo de longa duração deste projecto de Los Angeles, que acabou de ser editado pela Ubiquity Records, a energia que se sentia nas actuações ao vivo -imortalizadas em "Live mixtape 2"- dissipa-se. O calor do estúdio sente-se, mas também se sente algum condicionamento resultante da meticulosa produção a que o estúdio obriga. Sente-se uma liberdade restringida por quatro paredes, num projecto em que o palco é o verdadeiro, e único, lugar onde esta música ganha a verdadeira dimensão que merece.
www.ubiquityrecords.com
www.breakestra.com
 
  LINDSTROM & PRINS THOMAS
Ocasionalmente surgem personagens que nos renovam o gosto pela descoberta da musica. Entidades com dom e clarividência suficientes para nos despertar a alma para o que ciclicamente vai desaparecendo: a luz e a verdade interior. Aquela força que nos provoca, que nos instiga e nos obriga a escutar a mensagem seja ela qual for, mesmo que fiquemos indiferente à sua proveniencia ou nomenclatura.
Já há algum tempo que andava atento ao trabalho de remistura destes senhores: Lindstrom e Prins Thomas. Tanto em conjunto ou em separado. O som mexeu comigo nas primeiras escutas e naturalmente a curiosidade foi aumentando. Na arte da transformação das matérias primas –os originais-, estão num patamar como uns Kruder& Dorfmeister ou Jazzanova, transfigurando, moldando, convertendo os sons de outros em arte própria, personalizada e com alma. Basta escutar as remisturas da dupla norueguesa para "The Weding" de Annie no recente DJ Kicks, "Tito’s Way" de The Juan McClean, "Down Till 7" dos Silver City" ou ainda os surpreendentes "Sweet Cow" dos Chiken Lips , "Tribulations" dos LCD Soundsystem, revistos por Lindstrom ou "Secret Pillow" dos Bermuda Triangle revisto por Prins Thomas, para perceber como é refrescante o espírito e o talento desta dupla.
Como em qualquer projecto em que a principal actividade acenta na remistura, surge o dilema dos originais ou um trabalho de longa duração –como é o caso da eterna espera do álbum de originais da mítica dupla de Viena-, mas este par de noruegueses não teve qualquer problema em erguer um quadro de 13 temas, aproveitando o momento de inspiração divina que atravessam.
O álbum de estreia pode não ser o facto estético do ano, mas não anda muito longe e talvez por isso tem estado a despertar tanta atenção. Atenção merecida, porque se há pouco escrevia que estes senhores nos despertam a alma para uma verdade interior é porque certamente o que nos têm para mostrar é muito bom. A promiscuidade vive nesta música, os ritmos do disco-sound co-habitam com os baixos poderosos do punk-funk, as melodias retro tipo Jean Michelle Jarre parecem co-existir no mesmo espaço com o dub ou com inspirações vindas de África. O delírio está pois então instalado quando os ritmos nos levam a um suave pé de dança ou a calmaria deixa-nos anestesiados com prazer.
A única verdade, e também a mais verdadeira, -perdoem a redundância-, é quando a especulação é a única certeza que esta música transporta consigo, e apesar da promiscuidade que poucos sabem explorar em beneficio da arte, o gosto de partir à descoberta de novas convicções, parece ser o que motiva estes senhores, que nos deixam um marco em 2005.
Uns poderão perder tempo a catalogar esta música e procurar referências aqui ou ali, procurando dissecar este som, eu sinceramente prefiro contemplar a verdade diante de mim.... http://www.eskimorecordings.com/
 



ARQUIVO 2005


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    DISCO DO ANO 2005
    Fat Freddy's Drop: "Based On A True Story"
  • O álbum de estreia do colectivo neo-zelandês reforça definitivamente a personalidade sonora do projecto e em simultâneo realça a dinâmica adquirida em palco, criando momentos edílicos, envolvendo os ouvintes na deliciosa fusão entre o Reggae, Dub, Jazz e a Soul. O som é quente criando um universo onde as histórias de amor junto à praia enriquecem o nosso imaginário; um aroma doce de um perfume desconhecido paira no ar e confunde os sentidos deixando-nos à beira de um ataque romântico onde o calor conduz à nudez inocente. O amor solta-se! A música cumpre uma vez mais a sua missão enquanto arte... dar prazer a quem a ouve. Aqui respira-se a liberdade criativa de um colectivo que soube almejar a sabedoria dos velhos de Kingston e a capacidade de sintetizar a matriz cultural da música negra, refrescando-a com uma visão futurista, no entanto eloquente, da música popular. Essencial!


    MÚSICAS 2005
  • GB "SIMPLY SO" ft STEVE SPACEK (SA-RA REMIX)
  • AMERIE "ONE THING"
  • MISSY ELIOTT "ON,ON"
  • FLANGER "FUNERAL MARCH"
  • BLACKAI "AFRO SPACE"
  • STEREOTYP meets AL HACA "BLAZE N' COOK" (PETER KRUDER REMIX)
  • ROMAN FLUGEL "GETS NOCH?"
  • THIVERY CORPORATION "MARCHING THE HATE MACHINE"
  • OUTLINES "JUST A LITTLE LOVIN"
  • MARKUS KIENZEL "LIKE A GHOST"
  • KING BRITT "KING'S ON TIME MIX" (KEEPINTIME)
  • GORILLAZ "DARE"
  • JOSÉ GONZALEZ "HINTS"
  • BOOZOO BAJOU "TAKE IT SLOW"
  • ROYKSOPP "ONLY THIS MOMENT"
  • JUKKA ESKOLA "GO TIME"
  • STEVE SPACEK "DOLLAR"
  • DAMIEN MARLEY "ROAD TO ZION"
  • KELLY POLLAR "MY BEAUTY IN THE MOON"
  • DWIGHT TRIBLE & THE LIFE FORCE TRIO "WAVES OF INFINITE HARMONY"
  • PRINS THOMAS "GOETTSCHING"
  • RECLOOSE "DUST"
  • POVO "UAM UAM"
  • THE FIVE CORNERS QUINTET "THREE CORNERS"
  • STROMBA "TICKLE ME DUB"
  • MICATONE "NOMAD"
  • DAFT PUNK "TECNOLOGIC" (VITALIC REMIX)
  • LINDSTROM "I FEEL SPACE"


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    "Em geral, sempre que há algo melhor, há também algo óptimo. Mas, dado que entre as coisas que existem, uma é melhor que outra, há também uma coisa óptima, e esta seria a divina. "
    Aristótles


    "De todas as artes que conseguem crescer no solo de uma dada cultura, a música é a última das plantas a germinar, talvez porque é a mais interiorizada, e, por conseguinte, aquela cuja época vem mais tarde -é o Outono e a desfloração dessa cultura. A alma da Idade Média cristã só encontrou a sua expressão mais acabada na arte dos mestres holandeses: a arquitectura musical por eles elaborada é a irmã póstuma, não obstante legítima e igual em direitos, da arte gótica. Foi só na música de Haendel que tomou forma musical aquilo que de melhor havia na alma de Lutero e dos seus, esse acento judaico-heróico que deu à Reforma um certo ar de grandeza: o Antigo Testamento faz música, o novo não. Mozart, o primeiro, restituiu em metal soante todas as aquisições do século de Luís XIV e a arte de um Racine e de um Claude Lorrain. É na música de Beethoven e de Rossini que a melodiosamente respira o século de XVIII, o século do devaneio, do ideal destruído, da fugaz felicidade. Toda a verdadeira música, toda a música original, é um canto do cisne. Talvez a nossa música moderna, seja qual for o seu império, e a sua tirania, tenha diante de si apenas um curto espaço de tempo, porque surgiu de uma cultura cujo solo minado rapidamente se afunda, de uma cultura que em breve será absorvida."
    Friedrich Nietzsche In Nietzsche Contra Wagner.


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