Y.N.Q. presentes SOUND DIRECTIONS "THE FUNKY SIDE OF LIFE"
O homem não pára! Otis Jackson Jr. é uma das personagens mais irreverentes e trabalhadoras do hip-hop alternativo norte americano. Poderá ser mesmo chamado de workaholic; além das produções próprias,
consegue encontrar sempre tempo para projectos paralelos ou encabeçar colaborações. É bem verdade que, mais cedo ou mais tarde, quem muito trabalha, acaba por ver o seu trabalho recompensado e agraciado...
Madlib, para além do nome que todos conhecemos, tem outras caras e facetas, cada projecto tem uma ideia ou conceito por de trás. Por exemplo a Yesterday's New Quintet é um quinteto imaginário liderado por Jackson Jr. onde o lado irreverente do Jazz improvisado consegue ladear-se com os beats do hip-hop e resultar num género de jam-session gravado em estúdio -como prova o manifesto "Angles Without Edges".
Este ano para além da edição do segundo álbum de Quasimoto, a produção de "Push Comes to Shove"do jovem M.E.D., e uma série de produções de temas para individualidades ligadas à Stones Throw, Madlib conseguiu ainda encontrar tempo para conceber mais um projecto: Sound Directions. Não é por acaso que a Y.N.Q. aparece associado ao novo nome: o quinteto imaginário passou a ter músicos a sério! Enquanto na Y.N.Q. a massa sonora era resultado da manipulação de samplers e de alguns instrumentos (como o órgão ou a bateria) tocados pelo próprio Madlib, o novo projecto é constituído por alguns nomes de referência. O lendário trombonista bebop J.J. Jonhson, o baterista britânico Malcolm Catto (ligado a produção de beats para DJ Shadow) ou Todd Simon, são algumas das personalidades associadas a este projecto, onde a música acaba por tomar um rumo ligeiramente mais orgânico, apesar de ser sempre difícil descortinar o que é samplado ou tocado em estúdio em boa parte da música que Jackson Jr. elabora. Talvez seja essa uma das virtudes de Madlib, o seu estilo de produção é único e irreverente, a sua música é densa e por vezes suja. Propositadamente retira alguma qualidade ao som, criando imperfeições, que no fim acabam por dar uma nova dimensão ao seu som; este álbum não foge ao estilo que já nos habituamos, apesar de algumas incursões delibradas pelo funk.
"The Funky Side of Life", pode não ter o peso de "Angles Without Edges" ou a visão de "Shades of Blue", mas é mais um momento de afirmação e atitude em relação à maleabilidade do hip-hop.
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