BREAKESTRA "HIT THE FLOOR"
É certo que o funk nunca morreu. Mas também é certo que depois da explosão criativa de finais de 60 e princípios de 70, personificada muitas das vezes por James Brown, o funk nunca mais voltou a manifestar-se com a mesma destreza. Apesar de uma nova geração de músicos de rua apropriarem-se da sua componente rítmica, o funk manteve-se à margem dos grandes entusiasmos originados pelos grandes acontecimentos estéticos dos anos 80 e 90. O hip-hop deve-lhe
a vida, mas enquanto o movimento de rua ganhava força, o funk parecia ser apenas uma mera fonte de inspiração rítmica. Os clássicos e rare-grooves foram pilhados e samplados vezes sem conta e a expressão breakbeat começou a ganhar força. Reconhece-se ainda hoje em dia os breaks samplados do popular "Funky Drummer" de James Brown em muitos clássicos do hip-hop.
Apesar de afastado dos novos movimentos, o funk de contornos mais clássicos parece continuar a fascinar e inspirar muita gente, nomeadamente uma nova geração de músicos que cresceu a ouvir Sly & The Family Stone, Kool & The Gang ou The J.B.'s. Gente como Will Holand (The Quantic Soul Orchestra) ou Miles Tackett (Breakestra) têm procurado em clássicos perdidos no tempo o estro que os motive a fazer música, demonstrando que a veia criativa do funk ainda não atingiu o nível da atrofia. Ambos os músicos têm procurado alguma proeminência nas linguagens funk, tendo Holland editado já dois álbuns com a sua orquestra e Tackett editado duas séries de "Live mix tape" (para além de alguns EP´s) e apenas agora ter editado o álbum debutante.
A Breakestra começou da vontade de Tackett, que essencialmente pretendia tocar ao vivo clássicos do funk, ora sobrepondo a bateria tocada ao vivo em temas que rodavam no gira-discos, ora lançando-se em jam-sessions, onde os clássicos se viam naturalmente estropiados por uma deliberada, mas sincera, vontade de improvisar em palco. No primeiro registo de longa duração deste projecto de Los Angeles, que acabou de ser editado pela Ubiquity Records, a energia que se sentia nas actuações ao vivo -imortalizadas em "Live mixtape 2"- dissipa-se. O calor do estúdio sente-se, mas também se sente algum condicionamento resultante da meticulosa produção a que o estúdio obriga. Sente-se uma liberdade restringida por quatro paredes, num projecto em que o palco é o verdadeiro, e único, lugar onde esta música ganha a verdadeira dimensão que merece.
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