Saturday, January 28, 2006
  ... E AGORA OS FAVORITOS DESTE BLOG:
20. SIGUR RÓS "TAKK" : A provar que "()" foi um erro, "Takk" é a redenção e a prova de que há mais vida para além das pedras e do cenário gélido que caracteriza a ilha que viu nascer, não só Björk, mas também os membros dos Sigur Rós... A produção é complexa (consequentemente pouco amiga do formato limitado da pop-rock radiofónica), as vozes são etérias e angélicas e a composição é exuberante. A escuta é difícil ao ínicio, mas lentamente vai-se saboreando e quando damos por nós estamos apaixonados! A pop não está habituada a obras assim...

19. AUDION "SUCKFISH" : Este álbum não consegue ocultar o objectivo pelo qual veio ao mundo: fazer dançar e colocar simultaneamente a mente num transe onde o mundo é visto através de um caleidoscópio, como a própria capa faz questão de lembrar. O techno tanto é despido a um nível esquelético, como em boa parte das vezes é recheado por sub-baixos que entorpecem a mente, por sintetizadores que carregam o corpo de energia e êxtase, por ritmos sólidos e vigorosos, por melodias carregadas de acidez suficiente para dissolver qualquer ócio.

18. HANNE HUKKELBERG "LITTLE THINGS" : A forma mais simples de expressar pequenos sentimentos, pequenas situações da vida. Pequenas coisas que mexem com o ser e que por vezes acabam por superar coisas grandes... Uma música bucólica com voz doce que enobrece os sentimentos. Um reencontro com a inocência perdida... Da Noruega chega-nos um belíssimo mostruário electro-folk envolto num manto jazz. Um dos melhores discos da Leaf nos últimos tempos.

17. RÓISÍN MURPHY "RUBY BLUE" : Depois do trabalho em grupo (Moloko) e da descoberta de um novo tom em que a sua voz podia ser enquadrada, Róisin juntou-se a Matthew Herbert. Desta parceria nasceu "Ruby Blue". Um projecto em que ambos procuraram formas para se desfiarem um ao outro. Ela tem uma voz única e ele uma técnica muito própria de construção sonora. Do estímulo nascido do trabalho em equipa, nasceu uma música estimulante que dignifica a pop.

16. STEVE SPACEK "SPACE SHIFT" : A capacidade de Steve organizar o espaço e o tempo parecem manter-se. Nesta música o silêncio parece operar como qualquer outra nota, abrindo espaço para a voz, obrigando o tempo a maleabilizar-se em redor dos sons. Apesar da estrutura rítmica muito geométrica e do minimalismo melódico, por vezes formal, alma não lhe falta: a eloquência da voz de Steve -como a de Marvin Gaye ou Curtis Mayfield no passado- trás o calor, o charme e as supremas palpitações de vida...

15. SOFA SURFERS "SOFA SURFERS" : A música dos Sofa Surfers parece continuar a viver na terra de ninguém, onde colar rótulos torna-se uma tarefa ingrata e onde os senhores das nomenclaturas cometerão muitos erros... Por isso mesmo, esta música feita por estes senhores continuará sempre afastada de lugares comuns e continuará a ser única. Continuará também a ser ambígua, sem se saber se é música de sofá para dias de evidente sabatismo ou música capaz de invadir salas de espectáculo. Certo é que é envolvente e provavelmente terá espaço para qualquer sítio, apesar de estar num espaço que não é sítio nenhum...

14. FLOWRIDERS "STARCRAFT" : Uns ilustres desconhecidos entre nós, este colectivo holandês ganhou forma em palco. Mesmo antes de editarem este álbum de estreia, já tocavam ao vivo em clubes e festivais, tendo mesmo chegado a fazer as primeiras partes dos concertos de Lamb, Nills Petter Molver ou Bugge Wesseltoft.
Procurando uma mistura equilibrada entre a electrónica, a soul acústica e o Jazz, os Flowriders revelaram enfim todo os seu potencial enquanto compositores de um Nu-Jazz sério e muito competente.


13. COMMON "BE" : Depois dos delírios de "Electric Circus", Common decidiu procurar-se a si mesmo. Observando o mundo à sua volta, tentando compreende-lo, parece ter encontrado no seu íntimo uma força capaz de exprimir-se com eloquência sem nunca deixar de dizer o que lhe vai na alma. Com a ajuda de Kanye West, "Be" é um retrato da vida quotidiana, com tudo o que tem de bom e mau. Com tudo o que é humanamente possível expressar, rimar volta a ser arte!

12. JAMIE LIDELL "MULTIPLY" : Sempre visto como um radical na área das electrónicas mais extremistas, surpreendeu o mundo com a edição de um álbum sentidamente soul. Há uma alma para além do frio manipulador de máquinas por quem o tomavámos. Num instante ouvimos Sly & The Family Stone, noutro Stevie Wander, ainda Prince ou mesmo Marvin Gay. Assistimos à abertura de um baú de memórias que subitamente foi assimilado por um extraterrestre que, sem se atrapalhar, consegue dar sentido aos sentimentos humanos...

11. KANYE WEST "LATE REGISTRATION" : À semelhança de "Be" de Common, a música e a palavra voltam a rimar com arte. O carismático Kanye West demonstra uma vez mais aos seus congéneres que talento e personalidade são elementos essenciais para criar uma obra personalizada com qualidade suficiente fascinar tanto homem como mulher, branco ou negro independentemente da faixa etária. O Hip-Hop enquanto arte de expressão urbana, não é um veículo de enriquecimento de carteiras mas sim um veículo transportador de verdade interior capaz de iluminar mentes em busca de inspiração para a vida...

10. NINE HORSES "SNOW BORNE SORROW" : Quase uma reunião familiar. "Snow Borne Sorrow" junta o enigmático David Sylvian, o ex-Japan Steve Jansen e o alemão Burnt Friedman num projecto singular, onde o propósito é derrubar as fronteiras entre o normal e o estranho, onde a fusão de géneros torna-se obrigatória para a elaboração de uma pop só por si única (e bela), onde cada um dos autores procura afirmar uma identidade própria num mundo que observam com olhar crítico.

09. ISOLÉE "WE ARE MONSTER" : Um belo exemplo de um disco mutante e híbrido no século XXI; nunca chegamos a entender ao certo as fundações que ergueram este disco, reconhecemos esporadicamente as pulsações do techno de Detroit ou tiques do house de Chicago, mas a tónica dominante é experimentar até onde a imaginação permite. O som de Rajko Mueller torna-se abstracto sem nunca se perder em simulações electrónicas sem nexo, apesar de "We Are Monster" soar bem mais estranho que "Rest". Neste caso, as experiências correram bem. Pelo menos um mérito dado a um françês...

08. PLATINUM PIED PIPERS "TRIPLE P" : O duo constituído por Waajeed (um dos fundadores dos Village People) e Sadiqq, elaboraram para mim o disco hip-hop do ano, tanto pela conteúdo musical, onde os beats e a melodia afirmam-se pela força e criatividade, tanto pela qualidade da escrita, mas especialmente pela quantidade e qualidade dos colaboradores (SA-RA, Jay Dee, Tiombe Lockhart, Spacek, etc.) que, de forma talentosa, contribuíram para a expressividade de cada tema. 07.

LCD SOUNDSYSTEM "LCD SOUNDSYSTEM" : Tardou mas não desiludiu! Primeira edição do ano com conteúdo suficiente para despertar atenções.
Depois de várias e inesperadas surpresas ao longo dos últimos anos ("Losing My Edge", "Yeah"), eis o álbum debutante onde dissparam-se todas as dúvidas em relação à orientação e determinação do punk-funk-disco de James Murphy. Um claro manifesto de força inventiva que prova que ainda é possível ter esperança numa pop livre e expressiva.


06. FLANGER "SPIRITUALS" : Será possível recuar no tempo e recordar como soava a música antes dela ser encarada com a seriedade e hipocrisia dos nossos tempos? Será possivel descobrir porque gostavam as pessoas da intensidade da música? Porque era considerado um escape um som tocado com inspiração quase divina? Será a restauração da sensibilidade como diriam os autores de "Spirituals" ou será o início da procura de sentimentos expressos em notas? Ou a procura de uma luz interior que justifique o injustificável? Ou a exploração emocional de um jazz, que ainda não se intitulava jazz, mas que sentia todas as vibrações de uma comunidade oprimida pela escravidão? Espiritual? Algumas respostas encontram-se no mais recente álbum de originais dos Flanger.

05. SUFJAN STEVENS "COME ON FEEL THE ILLINOISE" : A premissa de Sufjan é simples: conhecer os estados norte americanos, assimilar os mais pequenos pormenores e converter toda a informação recolhida no terreno em palavras e música a condizer. Sufjan é um song writer caixeiro-viajante que assimila tudo o que vê e sente, seja cultura urbana -e todos os seus aspectos mais decadentes- como consegue vibrar com a mais parola simplicidade da vida no campo, ele ama, canta, chora, pensa, abstrai-se e sonha... é humano e não tem problema em enriquecer a sua música com a sua experiência de vida.

04. M.I.A. "ARULAR" : Maya Arulpragasam é bem provável que seja uma das figuras da actual música urbana que não passa despercebida, tanto pelo passado como pelo seu presente. Desde tenra idade viu o que muitos de nós não vimos: um país como o Sri Lanka fustigado por uma política opressora; um pai activista que acabou por ser vitima da opressão; o medo da fuga; a incerteza do futuro enquanto refugiada. Vida intensa que marcou M.I.A. e que trespassa na sua música. Ela olha para a vida com outros olhos e sabe até que ponto pode ir a crueldade do homem e até que ponto é necessário ter esperança para conseguir viver. "Arular" não é apenas um exercício de vitalidade criativa em torno de premissas hip-hop... é um relato de vida que muitos de nós prefere nunca vir a ter.

03. NOSTALGIA 77 "THE GARDEN" : Ao segundo álbum, Ben Lamdin prova definitivamente todo o talento. Sem nunca esconder o recurso ao computador para organizar o som produzido por uma série de músicos convidados, Lamdin procura um conceito onde toda a inspiração, independentemente da sua proveniência, possa condensar-se no lado mais espiritual do jazz. A música é forte e vive da procura de liberdade interior. Os músicos convidados são incentivados a soltarem-se, a improvisar à imagem de Sun Ra, Coltrane ou Archie Shepp. Não admira por isso que boa parte das inspirações venham de África, ganhando expressividade através do Jazz, da Soul ou do Funk dos anos 60.

02. LINDSTROM & PRINS THOMAS "LINDSTROM & PRINS THOMAS" : A promiscuidade vive nesta música, os ritmos do disco-sound co-habitam com os baixos poderosos do punk-funk, as melodias retro tipo Jean Michelle Jarre parecem co-existir no mesmo espaço com o dub ou com inspirações vindas de África. O delírio está pois então instalado quando os ritmos nos levam a um suave pé de dança ou a calmaria deixa-nos anestesiados com prazer. A especulação é a única certeza que esta música transporta consigo, e apesar da promiscuidade que poucos sabem explorar em beneficio da arte, o gosto de partir à descoberta de novas convicções, parece ser o que motiva estes senhores...

01. FAT FREDDYS DROP "BASED ON A TRUE STORY" : O álbum de estreia do colectivo neo-zelandês reforça definitivamente a personalidade sonora do projecto e em simultâneo realça a dinâmica adquirida em palco, criando momentos edílicos, envolvendo os ouvintes na deliciosa fusão entre o Reggae, Dub, Jazz e a Soul. O som é quente criando um universo onde as histórias de amor junto à praia enriquecem o nosso imaginário; um aroma doce de um perfume desconhecido paira no ar e confunde os sentidos deixando-nos à beira de um ataque romântico onde o calor conduz à nudez inocente. O amor solta-se! A música cumpre uma vez mais a sua missão enquanto arte... dar prazer a quem a ouve. Aqui respira-se a liberdade criativa de um colectivo que soube almejar a sabedoria dos velhos de Kingston e a capacidade de sintetizar a matriz cultural da música negra, refrescando-a com uma visão futurista, no entanto eloquente, da música popular. Essencial!
 
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    DISCO DO ANO 2005
    Fat Freddy's Drop: "Based On A True Story"
  • O álbum de estreia do colectivo neo-zelandês reforça definitivamente a personalidade sonora do projecto e em simultâneo realça a dinâmica adquirida em palco, criando momentos edílicos, envolvendo os ouvintes na deliciosa fusão entre o Reggae, Dub, Jazz e a Soul. O som é quente criando um universo onde as histórias de amor junto à praia enriquecem o nosso imaginário; um aroma doce de um perfume desconhecido paira no ar e confunde os sentidos deixando-nos à beira de um ataque romântico onde o calor conduz à nudez inocente. O amor solta-se! A música cumpre uma vez mais a sua missão enquanto arte... dar prazer a quem a ouve. Aqui respira-se a liberdade criativa de um colectivo que soube almejar a sabedoria dos velhos de Kingston e a capacidade de sintetizar a matriz cultural da música negra, refrescando-a com uma visão futurista, no entanto eloquente, da música popular. Essencial!


    MÚSICAS 2005
  • GB "SIMPLY SO" ft STEVE SPACEK (SA-RA REMIX)
  • AMERIE "ONE THING"
  • MISSY ELIOTT "ON,ON"
  • FLANGER "FUNERAL MARCH"
  • BLACKAI "AFRO SPACE"
  • STEREOTYP meets AL HACA "BLAZE N' COOK" (PETER KRUDER REMIX)
  • ROMAN FLUGEL "GETS NOCH?"
  • THIVERY CORPORATION "MARCHING THE HATE MACHINE"
  • OUTLINES "JUST A LITTLE LOVIN"
  • MARKUS KIENZEL "LIKE A GHOST"
  • KING BRITT "KING'S ON TIME MIX" (KEEPINTIME)
  • GORILLAZ "DARE"
  • JOSÉ GONZALEZ "HINTS"
  • BOOZOO BAJOU "TAKE IT SLOW"
  • ROYKSOPP "ONLY THIS MOMENT"
  • JUKKA ESKOLA "GO TIME"
  • STEVE SPACEK "DOLLAR"
  • DAMIEN MARLEY "ROAD TO ZION"
  • KELLY POLLAR "MY BEAUTY IN THE MOON"
  • DWIGHT TRIBLE & THE LIFE FORCE TRIO "WAVES OF INFINITE HARMONY"
  • PRINS THOMAS "GOETTSCHING"
  • RECLOOSE "DUST"
  • POVO "UAM UAM"
  • THE FIVE CORNERS QUINTET "THREE CORNERS"
  • STROMBA "TICKLE ME DUB"
  • MICATONE "NOMAD"
  • DAFT PUNK "TECNOLOGIC" (VITALIC REMIX)
  • LINDSTROM "I FEEL SPACE"


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    "De todas as artes que conseguem crescer no solo de uma dada cultura, a música é a última das plantas a germinar, talvez porque é a mais interiorizada, e, por conseguinte, aquela cuja época vem mais tarde -é o Outono e a desfloração dessa cultura. A alma da Idade Média cristã só encontrou a sua expressão mais acabada na arte dos mestres holandeses: a arquitectura musical por eles elaborada é a irmã póstuma, não obstante legítima e igual em direitos, da arte gótica. Foi só na música de Haendel que tomou forma musical aquilo que de melhor havia na alma de Lutero e dos seus, esse acento judaico-heróico que deu à Reforma um certo ar de grandeza: o Antigo Testamento faz música, o novo não. Mozart, o primeiro, restituiu em metal soante todas as aquisições do século de Luís XIV e a arte de um Racine e de um Claude Lorrain. É na música de Beethoven e de Rossini que a melodiosamente respira o século de XVIII, o século do devaneio, do ideal destruído, da fugaz felicidade. Toda a verdadeira música, toda a música original, é um canto do cisne. Talvez a nossa música moderna, seja qual for o seu império, e a sua tirania, tenha diante de si apenas um curto espaço de tempo, porque surgiu de uma cultura cujo solo minado rapidamente se afunda, de uma cultura que em breve será absorvida."
    Friedrich Nietzsche In Nietzsche Contra Wagner.


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