READYMADE FC "BABILONIA"
É cada vez mais comum os músicos procurarem novas orientações estéticas para atribuirem novo sentido a um determinado projecto, mesmo que isso implique uma transformação que leve muitos a estranharem, mas entenderem, e outros ouvirem e afastarem-se. Há transformações que fazem sentido e outras que simplesmente não se percebem. A mudança de noventa graus que Jean-Philippe Verdin atribuiu à sua música não passa despercebida. Apesar de eu ter gostado da música deste "Babilonia", ainda não consigo dizer se entendi o motivo pelo qual o francês abandonou a escrita muito geométrica do Techno que caracterizou "Bold" (2001), para agora regressar neste fim de ano com um prefeito exemplo de quem perdeu tempo nos últimos tempos a escutar, apreciar e estudar a música de Syd Barrett, Bjork ou até Brian Wilson. A música soa bem. A economia sonora abre espaço para a contemplação melódica gerada por orquestrações, as pulsações da electrónica (por vezes cut & clic) são sustentações para belas canções pop onde participam Feist, David Sylvian ou Yael Naim. Este novo álbum de Readymade desafia quem já conhecia a música produzida por Jean-Philippe Verdin e poderá ser visto como uma atitude de um autor que não pretende ficar preso a géneros, tendências ou modas, procurando essencialmente surpreender... mesmo que o rumo artístico possa perder algum sentido. Antes assim que estar a insistir no vazio...