FREEFORM FIVE "STRAGEST THINGS"
A despeito de muitas das influências serem nomes como os Depeche Mode, Prince, os Pixies ou os Erasure, muitos poderão pensar que os Freeform Five são mais uma repercussão do fenómeno Sissor Sister em terras britânicas. Mas não!
O projecto do multi-instrumentalista e compositor Anu Pillai, procura recuperar algum glamur da pop dos anos 80, tornando-a séria e respeitável, e cruzá-la com o p-funk, o techno-house e outras feições que animam a actualidade musical, não sendo difícil concluir que o caminho optado por este conjunto é bem mais difícil e sinuoso que o trajecto que os Sissor Sister tomaram enquanto produziam o péssimo álbum de estreia. Talvez por isso mesmo, "Strangest Things" não tenha sido merecedor de mais atenção e entusiasmos.
Longe de provar de forma substancial a sua retórica electro-pop, o álbum debutante acolhe nos bem, mas a estadia prolongada acaba por deixar-nos confusos, não se percebendo em concreto qual o azimute traçado e os objectivos a atingir. Nos momentos mais iluminados, a abordagem à pop lembra os tempos em que os Gus Gus tinham uma atitude anacrónica e bem disposta, tempos em que revelavam engenho e perspicácia na composição. Os Freeform Five procuram esse diapasão, mas o problema é perderem-se logo a seguir a uma boa ideia. Isso nota-se no alinhamento: no início conseguem derrubar as fronteiras que separam o p-funk da pop mais moderada, a música vive e ganha forma, é quente e festiva. No fim as linguagens simplificam-se, a música acaba por ficar mais linear, dissipando-se o gosto pelo risco e descoberta de novos horizontes, no fundo toma gosto pelos encantos da pop e fica-se. Poderá não ter sido essa a intenção, mas acabou por ser esse o resultado.
No futuro será necessário procurarem esclarecer o rumo pretendido antes de voltarem a pegar nos instrumentos. Defenirem uma estrategia. Talvez assim, possam ter o foco de luz que os faça sair da sombra.
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