KELLEY POLAR "LOVE SONGS OF THE HANGING GARDENS"
Se começasse esta recensão preocupado com designações para caracterizar esta música, provavelmente acabaria por não ter disposição para falar do conteúdo propriamente dito. Leio com frequência críticas em que a principal preocupação é chamar nome às coisas e quando não conseguem catalogar inventam termos novos, a que muitos acabarão por chamar música nova -isto num tempo em que muitos dizem que na música já está tudo inventado. A quantidade de híbridos produzidos hoje em dia, tem deixado muita crítica ocupada com nomenclaturas; no caso de alguma imprensa britânica, desprezar discos de qualidade apenas por a música exposta ir para além da imaginação para nomes pode parecer exagero, mas já aconteceu. No caso de "Love Songs of the Hanging Gardens" de Kelly Polar, poderia levantar-se discussões sobre o que aqui se encontra é Nu-Disco ou Disco-House. Discussão semelhante surgiu quando os Metro Area editaram o seu álbum de estreia. "Love Songs of the Hanging Gardens" é o primeiro passo do jovem Kelley; nascido na Croácia, filho de pais americanos, cedo revelou-se um prodígio de violino na mão. Cresceu a ouvir musica clássica mas também pop de inspirações electrónicas. Colaborou com os Metro Area na produção do álbum de estreia, dando alguma vida orquestral a um disco electrónico -caso de "Miura", onde mostrou alguns dos seus dotes como violinista. Não admira por isso que Morgan Geist se tenha dado como voluntário para a produção de "Love Songs of the Hanging Gardens", o álbum de estreia. Nada por aqui é verdadeiramente novo, mas também nada aqui é verdadeiramente mau. Para além de algumas semelhanças com os Metro Area, há música orgânica, música cantada, música eloquente que apenas a alma podia ter dado forma. Os momentos mais pop são cintilantes, sentidos e verdadeiros, não procurando muita luz mas também não querendo ficar no escuro ("My Beauty in The Moon", "Matter in to Energy"). Apesar de alguma economia sonora, há preocupações com o pormenor. O violino de Kelley surge discreto mas sempre a dar a tónica, guiando o ouvinte por pequenas e humildes orquestrações que dão volume à música ("Cosmological Constacy" ou "Ashamed Of Myself"). Oiçam e depois quem tiver tempo que se lance a discutir as diferenças sobre Nu-Disco ou Disco-House ou sobre até que ponto Arthur Russel pode ou não ter influenciado este jovem músico. Uma coisa é certa, o rapaz não começou mal!
www.kelleypolar.comwww.environrecords.com