Saturday, December 10, 2005
STAR TREK: ENTERPRISE 3ª Season (DVD BOX SET)
Originalmente concebido em 1964 pelas mãos de Gene Roddenberry, só em 1966 o projecto Star Trek arrancou em direcção às estrelas tendo-se iniciado uma exploração pela galáxia sem precedentes na televisão da época.
Em 64, Gene concebeu uma série em que a premissa era simples: um honrado capitão acompanhado pela sua tripulação destemida, viajam pela galáxia em busca de novos mundos e de novas formas de vida, no fundo explorar o desconhecido.
Na época as televisões norte-americanas estavam pouco interessadas na exploração do espaço e longe estavam ainda os gloriosos dias da conquista do espaço por parte da NASA. O Vietname e os conflitos sociais preocupavam uma América profundamente dividida entre o passado e o futuro e em busca de um equilíbrio que permitisse a co-habitação de ideais de esquerda e direita. O movimento Hippie e as novas liberdades emergiam com a juventude estudantil que exigia maior liberalismo na sociedade e no estado, que exigia o fim da guerra, exigia maior liberdade nas opções sexuais, entre outras.
Foi nesta convulsão social que Gene tentou vender uma série de televisão de ficção cientifica. O primeiro episódio-piloto foi recusado, tendo sido considerado demasiado cerebral por parte dos executivos da NBC, que na época preferiam os familiares Westerns. Vencido mas não conformado, Gene faz alterações ao formato e volta em 1966 a propor mais um episódio-piloto. Com algumas reticências, os executivos autorizam a produção da série. Assim arrancou uma das mais populares séries de sempre na história da televisão. A série original, com personagens como Capitão Kirk, Mr. Spock e Dr. “Bones” McCoy entre outros, viveu sempre tempos difíceis; os orçamentos por episódio não facilitavam a produção e as audiências revelavam pouco fascínio pelas aventuras nas estrelas. O cancelamento foi sempre um fantasma que pairou ao longo das três temporadas... até que uma quarta temporada foi negada. Os fãs insurgiram-se.
O visionário Gene Roddenberry não se resignou e ao longo dos anos setenta foi tentando convencer outros executivos em Hollywood do valor e da força Star Trek. Conseguiu uma série animada e pouco mais, até que em 1978 surgiu a hipótese de um filme de longa metragem; Gene lançou-se de pés e cabeça no projecto, que acabou por vingar. Ao longo dos anos oitenta produziram-se mais quatro filmes. Em 1987, Gene criou e propôs uma nova série Star Trek. Desta vez uma tarefa bem mais simples, dado que todos os filmes realizados foram um sucesso de bilheteira, a Next Generation não teve qualquer dificuldade em se impor.
Star Trek: The Next Generation (em exibição na SIC Radical) mantinha todas as premissas da série original, apenas com personagens novas, uma Enterprise com novo design, novas aventuras, e claro novos efeitos especiais que permitiam à equipa de argumentistas e produtores a elaboração de histórias mais arrojadas. Entre estes elementos encontrava-se Rick Berman, que continuou (depois da morte de Gene Roddenberry) a tarefa de semana após semana apresentar mais aventuras.
Depois de sete temporadas de The Next Generation, seguiu-se mais três séries completamente diferentes, mas todas elas inspiradas nas premissas criadas nos anos 60: Star Trek: Deep Space 9 (o quotidiano numa estação espacial), Star Trek: Voyager (de volta a uma nave só que perdidos no outro lado da galáxia) e a mais recente série Star Trek: Enterprise.
Inicialmente apenas intitulada Enterprise, a série arrancou em 2001 e terminou este ano ao fim de quatro temporadas. Toda a série contou com a habitual produção de Rick Berman que desta vez decidiu produzir e contar as aventuras de uma tripulação numa época pré-Kirk e pré-Spock, no fundo decidiu recuar no tempo e explorar todas potencialidades da criação de Gene um século antes das histórias e aventuras da nave NCC.1701 que Kirk comandava. É um género de Star Trek, o início...
Como seria de esperar, Berman absorveu todos os problemas da sociedade contemporânea e projectou no futuro todas as preocupações do presente. Alias sempre foi uma das preocupações de Gene e da sua equipa de argumentistas assimilar o presente e mostrar as realidades de hoje no futuro. A série Enterprise mostra-nos desde os primeiros episódio a dificuldade dos terrestres em lidar com os Vulcans e forma como a espécie humana se teve de adaptar às grandes viagens de exploração.
As duas primeiras temporadas exploram esse lado muito característico da série Star Trek: viagens inter-estelares, aventuras em planetas desconhecidos, seres estranhos e pouco tolerantes. Tudo isto nada demais e talvez tenha sido esse o problema. As audiências começavam a reflectir um certo cansaço pela velha formula... Até que, e depois de serem pressionados pelos executivos da UPN, Berman e a sua equipa tiveram abanar os pilares básicos do universo Star Trek e mostrar algo que ainda não tinha sido feito em todas as outras séries anteriores: perverter os conceitos sem os desfigurar.
Quando a Terra é vítima de uma ataque violentíssimo por parte de um inimigo extraterrestre sem rosto e em que resultaram 7 milhões de mortos, a Enterprise é obrigada a voltar à Terra. Archer (o nome do Capitão que comanda a NX-01 Enterprise) é posto a par da ameaça de uma super arma, que está a ser construída numa zona inóspita do espaço por uma raça chamada Xindi. O objectivo da Enterprise é destruir a super arma antes que ela destrua todo o nosso planeta. Mesmo desaconselhado pelos Vulcans, Archer e a sua tripulação lançam-se em busca dos Xindi e da sua arma de destruição.
Estas são as premissas para a terceira temporada de Enerprise que agora se encontra disponível em DVD Box Set e se não fosse pela qualidade destes 24 episódios, não vos estaria aqui a aconselhar a sua aquisição. É certo que isto despertará interesse aqueles que ainda hoje têm um certo fascínio pelo fenómeno Star Trek, mas para além do fanatismo de uns, existe mesmo motivos de interesse por esta temporada especifica: as histórias evoluem num cenário de contra relógio – tipo “24” - (o que aumenta a expectativa de quem vê), as personagens conhecem situações complicadas e que enriquecem o seu carácter (até que ponto podemos ir eticamente para salvar a humanidade), os cenários e os efeitos acompanham muito bem a imaginação dos argumentistas, entre outras virtudes que encontrei neste Star Trek: Enterprise. A ruptura com o passado parece-me ser a mais valia desta temporada, mostrando a toda uma audiência que, quarenta anos depois da criação original, o fenómeno Star Trek ainda tem hoje em dia, armas suficientes para concorrer com qualquer outra série de ficção cientifica.
Caixa DVD disponível na FNAC. Sem Legendas em Português.
www.startrek.com
www.startrekuk.co.uk ¶
Em 64, Gene concebeu uma série em que a premissa era simples: um honrado capitão acompanhado pela sua tripulação destemida, viajam pela galáxia em busca de novos mundos e de novas formas de vida, no fundo explorar o desconhecido.
Na época as televisões norte-americanas estavam pouco interessadas na exploração do espaço e longe estavam ainda os gloriosos dias da conquista do espaço por parte da NASA. O Vietname e os conflitos sociais preocupavam uma América profundamente dividida entre o passado e o futuro e em busca de um equilíbrio que permitisse a co-habitação de ideais de esquerda e direita. O movimento Hippie e as novas liberdades emergiam com a juventude estudantil que exigia maior liberalismo na sociedade e no estado, que exigia o fim da guerra, exigia maior liberdade nas opções sexuais, entre outras.
Foi nesta convulsão social que Gene tentou vender uma série de televisão de ficção cientifica. O primeiro episódio-piloto foi recusado, tendo sido considerado demasiado cerebral por parte dos executivos da NBC, que na época preferiam os familiares Westerns. Vencido mas não conformado, Gene faz alterações ao formato e volta em 1966 a propor mais um episódio-piloto. Com algumas reticências, os executivos autorizam a produção da série. Assim arrancou uma das mais populares séries de sempre na história da televisão. A série original, com personagens como Capitão Kirk, Mr. Spock e Dr. “Bones” McCoy entre outros, viveu sempre tempos difíceis; os orçamentos por episódio não facilitavam a produção e as audiências revelavam pouco fascínio pelas aventuras nas estrelas. O cancelamento foi sempre um fantasma que pairou ao longo das três temporadas... até que uma quarta temporada foi negada. Os fãs insurgiram-se.
O visionário Gene Roddenberry não se resignou e ao longo dos anos setenta foi tentando convencer outros executivos em Hollywood do valor e da força Star Trek. Conseguiu uma série animada e pouco mais, até que em 1978 surgiu a hipótese de um filme de longa metragem; Gene lançou-se de pés e cabeça no projecto, que acabou por vingar. Ao longo dos anos oitenta produziram-se mais quatro filmes. Em 1987, Gene criou e propôs uma nova série Star Trek. Desta vez uma tarefa bem mais simples, dado que todos os filmes realizados foram um sucesso de bilheteira, a Next Generation não teve qualquer dificuldade em se impor.
Star Trek: The Next Generation (em exibição na SIC Radical) mantinha todas as premissas da série original, apenas com personagens novas, uma Enterprise com novo design, novas aventuras, e claro novos efeitos especiais que permitiam à equipa de argumentistas e produtores a elaboração de histórias mais arrojadas. Entre estes elementos encontrava-se Rick Berman, que continuou (depois da morte de Gene Roddenberry) a tarefa de semana após semana apresentar mais aventuras.
Depois de sete temporadas de The Next Generation, seguiu-se mais três séries completamente diferentes, mas todas elas inspiradas nas premissas criadas nos anos 60: Star Trek: Deep Space 9 (o quotidiano numa estação espacial), Star Trek: Voyager (de volta a uma nave só que perdidos no outro lado da galáxia) e a mais recente série Star Trek: Enterprise.
Inicialmente apenas intitulada Enterprise, a série arrancou em 2001 e terminou este ano ao fim de quatro temporadas. Toda a série contou com a habitual produção de Rick Berman que desta vez decidiu produzir e contar as aventuras de uma tripulação numa época pré-Kirk e pré-Spock, no fundo decidiu recuar no tempo e explorar todas potencialidades da criação de Gene um século antes das histórias e aventuras da nave NCC.1701 que Kirk comandava. É um género de Star Trek, o início...
Como seria de esperar, Berman absorveu todos os problemas da sociedade contemporânea e projectou no futuro todas as preocupações do presente. Alias sempre foi uma das preocupações de Gene e da sua equipa de argumentistas assimilar o presente e mostrar as realidades de hoje no futuro. A série Enterprise mostra-nos desde os primeiros episódio a dificuldade dos terrestres em lidar com os Vulcans e forma como a espécie humana se teve de adaptar às grandes viagens de exploração.
As duas primeiras temporadas exploram esse lado muito característico da série Star Trek: viagens inter-estelares, aventuras em planetas desconhecidos, seres estranhos e pouco tolerantes. Tudo isto nada demais e talvez tenha sido esse o problema. As audiências começavam a reflectir um certo cansaço pela velha formula... Até que, e depois de serem pressionados pelos executivos da UPN, Berman e a sua equipa tiveram abanar os pilares básicos do universo Star Trek e mostrar algo que ainda não tinha sido feito em todas as outras séries anteriores: perverter os conceitos sem os desfigurar.
Quando a Terra é vítima de uma ataque violentíssimo por parte de um inimigo extraterrestre sem rosto e em que resultaram 7 milhões de mortos, a Enterprise é obrigada a voltar à Terra. Archer (o nome do Capitão que comanda a NX-01 Enterprise) é posto a par da ameaça de uma super arma, que está a ser construída numa zona inóspita do espaço por uma raça chamada Xindi. O objectivo da Enterprise é destruir a super arma antes que ela destrua todo o nosso planeta. Mesmo desaconselhado pelos Vulcans, Archer e a sua tripulação lançam-se em busca dos Xindi e da sua arma de destruição.
Estas são as premissas para a terceira temporada de Enerprise que agora se encontra disponível em DVD Box Set e se não fosse pela qualidade destes 24 episódios, não vos estaria aqui a aconselhar a sua aquisição. É certo que isto despertará interesse aqueles que ainda hoje têm um certo fascínio pelo fenómeno Star Trek, mas para além do fanatismo de uns, existe mesmo motivos de interesse por esta temporada especifica: as histórias evoluem num cenário de contra relógio – tipo “24” - (o que aumenta a expectativa de quem vê), as personagens conhecem situações complicadas e que enriquecem o seu carácter (até que ponto podemos ir eticamente para salvar a humanidade), os cenários e os efeitos acompanham muito bem a imaginação dos argumentistas, entre outras virtudes que encontrei neste Star Trek: Enterprise. A ruptura com o passado parece-me ser a mais valia desta temporada, mostrando a toda uma audiência que, quarenta anos depois da criação original, o fenómeno Star Trek ainda tem hoje em dia, armas suficientes para concorrer com qualquer outra série de ficção cientifica.
Caixa DVD disponível na FNAC. Sem Legendas em Português.
www.startrek.com
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