Thursday, December 01, 2005
  Charlie e a Fábrica de Chocolates
O que sentiríamos se o improvável se tornasse realidade? Se os nossos sonhos se materializassem em chocolate? Se as crianças mais arrogantes e mal educadas fossem vitimas da sua própria ganância? Em que acreditariam os adultos ao entrar num universo de guloseimas colorido pela Disney? Espanto! Simplesmente siderados perante o irreal! Talvez tenham sido estas as sensações que as personagens de Roald Dahl tiveram ao entrar no cenário vivo, colorido e deslumbrante –para não dizer saboroso- do mago do cinema fantástico: Tim Burton. Uma vez mais Burton supera-se a si mesmo e surpreende todos os que têm acompanhado a sua carreira (ou não). Eu não consigo deixar de sentir admiração profunda pela obra de um cineasta que, caminhando seguro nas franjas de Hollywood, consegue, filme após filme, apresentar-nos um mundo muito próprio, um universo com marca de autor, sempre enriquecido com pequenos pormenores... talvez sejam os pormenores que distinguem a obra de Burton de outras produções: o cuidado no tratamento da narrativa é evidente, os cenários são rigorosamente talhados para serem maravilhosos, a qualidade da fotografia é inquestionável, no fundo, o esforço da produção para tornar todo o imaginário prodigioso de Burton numa realidade credível é gigantesco. Cada filme é uma visita guiada pelo imaginário infantil de alguém que trouxe ao mundo películas como Eduardo Mãos de Tesoura, O Estranho Mundo de Jack, Marte Ataca! ou, o relativamente recente, O Grande Peixe, todos eles contos fantásticos, ora homenageando o terror clássico a preto e branco, ora parodiando com o sobrenatural, ora tornando a realidade num conto digno do Feiticeiro de OZ, como é o caso deste Charlie e a Fábrica de Chocolate, um conto infantil que pretende transmitir uma ideia de esperança quando tudo parece irremediávelmente perdido e de reconciliação com um passado que, com muito esforço alguém tentou reprimir. A história é simples, fantástica e aparentemente inocente... Se não fosse a moral pragmática do conto a forçar-nos a ver o nosso mundo real (e a natureza humana), a ingenuidade faria nos acreditar que o isolamento do resto do mundo tornar-nos-ia numa pessoa normal num universo onde a magia supera a realidade e a maldade simplesmente não existe; aqui a analogia a Michael Jackson e ao seu Neverland é evidente, não sendo de forma alguma uma comparação inocente ou ocasional, alias é habitual Burton caricaturizar a sociedade, as pessoas e os seu hábitos, expondo frequentemente –recorrendo ao humor negro- o lado mais ridículo de tudo o que consideramos normal. É raro em Hollywood um realizador concretizar uma ideia “colorida”, mas Burton fá-lo cada vez que se coloca atrás das câmaras e grita: acção!
 
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ARQUIVO 2005


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    DISCO DO ANO 2005
    Fat Freddy's Drop: "Based On A True Story"
  • O álbum de estreia do colectivo neo-zelandês reforça definitivamente a personalidade sonora do projecto e em simultâneo realça a dinâmica adquirida em palco, criando momentos edílicos, envolvendo os ouvintes na deliciosa fusão entre o Reggae, Dub, Jazz e a Soul. O som é quente criando um universo onde as histórias de amor junto à praia enriquecem o nosso imaginário; um aroma doce de um perfume desconhecido paira no ar e confunde os sentidos deixando-nos à beira de um ataque romântico onde o calor conduz à nudez inocente. O amor solta-se! A música cumpre uma vez mais a sua missão enquanto arte... dar prazer a quem a ouve. Aqui respira-se a liberdade criativa de um colectivo que soube almejar a sabedoria dos velhos de Kingston e a capacidade de sintetizar a matriz cultural da música negra, refrescando-a com uma visão futurista, no entanto eloquente, da música popular. Essencial!


    MÚSICAS 2005
  • GB "SIMPLY SO" ft STEVE SPACEK (SA-RA REMIX)
  • AMERIE "ONE THING"
  • MISSY ELIOTT "ON,ON"
  • FLANGER "FUNERAL MARCH"
  • BLACKAI "AFRO SPACE"
  • STEREOTYP meets AL HACA "BLAZE N' COOK" (PETER KRUDER REMIX)
  • ROMAN FLUGEL "GETS NOCH?"
  • THIVERY CORPORATION "MARCHING THE HATE MACHINE"
  • OUTLINES "JUST A LITTLE LOVIN"
  • MARKUS KIENZEL "LIKE A GHOST"
  • KING BRITT "KING'S ON TIME MIX" (KEEPINTIME)
  • GORILLAZ "DARE"
  • JOSÉ GONZALEZ "HINTS"
  • BOOZOO BAJOU "TAKE IT SLOW"
  • ROYKSOPP "ONLY THIS MOMENT"
  • JUKKA ESKOLA "GO TIME"
  • STEVE SPACEK "DOLLAR"
  • DAMIEN MARLEY "ROAD TO ZION"
  • KELLY POLLAR "MY BEAUTY IN THE MOON"
  • DWIGHT TRIBLE & THE LIFE FORCE TRIO "WAVES OF INFINITE HARMONY"
  • PRINS THOMAS "GOETTSCHING"
  • RECLOOSE "DUST"
  • POVO "UAM UAM"
  • THE FIVE CORNERS QUINTET "THREE CORNERS"
  • STROMBA "TICKLE ME DUB"
  • MICATONE "NOMAD"
  • DAFT PUNK "TECNOLOGIC" (VITALIC REMIX)
  • LINDSTROM "I FEEL SPACE"


    BLOGS DA CONCORRÊNCIA
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    "De todas as artes que conseguem crescer no solo de uma dada cultura, a música é a última das plantas a germinar, talvez porque é a mais interiorizada, e, por conseguinte, aquela cuja época vem mais tarde -é o Outono e a desfloração dessa cultura. A alma da Idade Média cristã só encontrou a sua expressão mais acabada na arte dos mestres holandeses: a arquitectura musical por eles elaborada é a irmã póstuma, não obstante legítima e igual em direitos, da arte gótica. Foi só na música de Haendel que tomou forma musical aquilo que de melhor havia na alma de Lutero e dos seus, esse acento judaico-heróico que deu à Reforma um certo ar de grandeza: o Antigo Testamento faz música, o novo não. Mozart, o primeiro, restituiu em metal soante todas as aquisições do século de Luís XIV e a arte de um Racine e de um Claude Lorrain. É na música de Beethoven e de Rossini que a melodiosamente respira o século de XVIII, o século do devaneio, do ideal destruído, da fugaz felicidade. Toda a verdadeira música, toda a música original, é um canto do cisne. Talvez a nossa música moderna, seja qual for o seu império, e a sua tirania, tenha diante de si apenas um curto espaço de tempo, porque surgiu de uma cultura cujo solo minado rapidamente se afunda, de uma cultura que em breve será absorvida."
    Friedrich Nietzsche In Nietzsche Contra Wagner.


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