Fat Freddy's Drop e Annie
>>>> O colectivo neo-zelandê
s chamado Fat Freddy's Drop editaram finalmente o seu álbum debutante intitulado "Based on a true story". O colectivo já desenvolve trabalho em conjunto desde 2001, apesar do núcleo fundador -a dupla Joe Dukie e DJ Fitchie- já se conhecerem à mais tempo e terem erguido em 2000 um clássico intitulado "Mighnight Marauders". A vontade de sair do estúdio em direcção aos palcos foi maior e obrigou a dupla a procurar músicos entre o núcleo de amigos, a dinâmica cresceu tanto que por onde passavam os seus espiráculos eram aplaudidos tanto pelo público como pela crítica. Ocasionalmente foram editando, agora sob a designação Fat Freddy's Drop, alguns EP´s e produzindo temas para colectâneas. Naturalmente a curiosidade e expectativa em torno de um álbum ia crescendo obrigando o colectivo a retirar-se dos palcos e a centrar todos os esforços na elaboração de um álbum que correspondesse ao esperado. Não nos lograram e o resultado ai está. "Based on a true story" reforça a personalidade sonora do projecto e em simultâneo realça a dinâmica adquirida em palco, criando momentos edílicos, envolvendo os ouvintes na deliciosa fusão entre o Reggae, Dub, Jazz e a Soul. O som é quente criando um universo onde as histórias de amor junto à praia -debaixo de uma lua cheia- enriquecem o nosso imaginário; um doce aroma de um perfume desconhecido paira no ar e confunde os sentidos deixando-nos à beira de um ataque romântico onde o calor conduz a nudez inocente como se a primeira vez fosse possível repetir. A música cumpre uma vez mais a sua missão enquanto arte... dar prazer a quem a ouve. Aqui respira-se a liberdade criativa de um colectivo que soube almejar a sabedoria dos velhos de Kingston e a capacidade de sintetizar a matriz cultural da música negra, refrescando-a com uma visão futurista, no entanto eloquente, da música popular. A título de curiosidade, o álbum entrou directamente para o topo da tabela de vendas na Nova-Zelândia e tem vindo a receber críticas muito positivas um pouco pelo mundo fora.
>>>> Annie, cantora e compositora, colaborou com os Röyksopp (que acabaram de editar o segundo álbum de originais) e com o produtor
pop britânico Richard X e "Anniemal" é o seu primeiro trabalho de longa duração. Deliciosamente irreverente, o álbum parte de uma premissa pós-punk integrando constantemente elementos electrónicos que tornam o corpo sonoro intensamente híbrido. No alinhamento ora nos deparamos com uma atitude synth-pop-kitsch com melodias la-la-la apoiadas pela house ou pelo disco, e em que a boa disposição reina alegremente descomprometida, ora surge um sentimento bucólico, que aparentemente não tem motivo de ser mas mesmo assim existe -quanto mais não seja na mente da cantora- poderoso o suficiente para gerar um minimalismo electrónico onde a melodia se deixa envolver com R&B, que subitamente surge para marcar a cadência. Uma obra híbrida que devia ser uma caracteristica dos nossos dias, mas que a falta de ousadia de muitos músicos e produtores que, com medo de serem musicalmente promiscuos, ouve e desejaria fazer o mesmo...!
O FILME DE JULHO >>>> "Colisão" de Paul Haggis. Um filme que retrata uma realidade que infelizmente continua a ser bem quotidiana: o racismo e a falta de tolerância; um drama real com gente verdadeira -o elenco é fantástico e o casting foi soberbo- onde a desconfiança, a intolerância e o medo colidem com o amor e com a ética; o confronto entre bem e mal é inevitável, não existe a exploração de moralismos, nem somos aborrecidos com o politicamente correcto. Simplesmente somos confrontados com a vida de pessoas deste planeta, com mentalidades pré concebidas e medos abstractos mas muito reais. A verdade social nua e crua num pais dito evoluído... Um filme muito bom!